*Rangel Alves da Costa
Claro-escuro, madrugada... A noite não se foi
e o alvorecer já veio. Um meio termo na dúvida do dia. Uma luz escura, um claro
escuridão, um tanto de sonho e um despertar. Ainda madrugada, pois escuridão,
mas porta aberta para o amanhecer. Já não durmo nem estou acordado, um meio termo
nessa solidão. Uma chuva caindo, um negrume no céu, uma fresta de luz, uma
nuvem encoberta, um tempo tristonho. Os silêncios gritantes e as ruas tão nuas,
as janelas fechadas e os vazios escondidos. E dono desse mundo assim, como
somente eu estivesse vivo e reinando em tudo, apenas caminho rumo ao meu
quintal. Acender o fogo, tomar um café, ligar o chuveiro e me deixar molhar.
Mas não. A chuva caindo me chama aos espaços, joga fora minhas roupas e me deixa
em nudez. O café fica pra depois, a tristeza também. Sou apenas menino, sou
apenas moleque. Numa madrugada e o menino em seu mundo, deixando que as águas
lhe tomem inteiro. Somente depois o homem prepara seu café, sorve sem pressa de
nada, acende um cigarro e lança seu olhar ao ainda melancólico e triste, ao
ainda chuvoso e solenemente angustiante. E depois chora.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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