SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 26 de maio de 2018

Palavra Solta - claro-escuro, madrugada...



*Rangel Alves da Costa


Claro-escuro, madrugada... A noite não se foi e o alvorecer já veio. Um meio termo na dúvida do dia. Uma luz escura, um claro escuridão, um tanto de sonho e um despertar. Ainda madrugada, pois escuridão, mas porta aberta para o amanhecer. Já não durmo nem estou acordado, um meio termo nessa solidão. Uma chuva caindo, um negrume no céu, uma fresta de luz, uma nuvem encoberta, um tempo tristonho. Os silêncios gritantes e as ruas tão nuas, as janelas fechadas e os vazios escondidos. E dono desse mundo assim, como somente eu estivesse vivo e reinando em tudo, apenas caminho rumo ao meu quintal. Acender o fogo, tomar um café, ligar o chuveiro e me deixar molhar. Mas não. A chuva caindo me chama aos espaços, joga fora minhas roupas e me deixa em nudez. O café fica pra depois, a tristeza também. Sou apenas menino, sou apenas moleque. Numa madrugada e o menino em seu mundo, deixando que as águas lhe tomem inteiro. Somente depois o homem prepara seu café, sorve sem pressa de nada, acende um cigarro e lança seu olhar ao ainda melancólico e triste, ao ainda chuvoso e solenemente angustiante. E depois chora.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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