SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Palavra Solta – livro da dor



*Rangel Alves da Costa


Não sei. Não sei. Não sei. Se eu fosse um errante desse mundo nada, certamente só teria passos em direção ao cume mais alto da montanha mais alta. E lá, rebentando pelos espinhos sedentos, perguntar a mesma pergunta de um dia: Por que, por que me abandonaste?! Se eu fosse um ermitão de viver na escuridão da caverna ou na fundura de um sopé qualquer, certamente só teria tempo para escrever pelas paredes aquelas mesmas palavras escritas um dia: O que sou, onde estou, a que sirvo? Se eu fosse o monge desgarrado de seu mosteiro e pelo mundo andante, certamente que o meu cajado faria surgir pelo chão aquilo já desde muito surgido: a cruz de uma inexistência qualquer. Se eu fosse o pássaro de fogo e luz e pelos ares traçasse meu destino em fome e avidez, certamente pousaria somente para engolir os restos de meus restos esquecidos no ninho da existência. Mas como nada disso eu sou, apenas fecho o livro e choro.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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