*Rangel Alves da Costa
O mundo tá difícil. Viver não é fácil não. A
estrada de flores só na poesia. Não há melodia na canção do dia. Sempre luta,
sempre cansaço, sempre agonia. Levantar cedinho e juntar pó de café, catar
qualquer coisa para enganar o bucho. Lá fora não chove e por dentro secou.
Panela arejada pra pouca comida. A água do pote já está na fundura. São as
folhas secas que dizem do tempo e quanto mais se espalham mais secura vem. A
porta aberta pra tanta tristeza. Um calango passa sem ter que fazer. Arapuca
envelheceu de armada, a fruta do mato desapareceu. O sol entra na casa e se diz
dono de tudo. E queima e arde sem ter piedade. Assim todo dia, assim toda hora,
mas fazer o que, mas fazer o que? A tarde arriba e ainda a luta, ao menos o
café vai botar no fogo. Sem gás de cozinha o fogo é de lenha. A lenha tá longe,
lá dentro do mato. Arruma uns gravetos e junta em feixe, derruba ao chão ao
redor do tijolo. E de repente o fogão de lenha já está aceso, mas não há mais
café. Não há mais café.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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