*Rangel Alves da Costa
Ora, mas o
que é mesmo recompensa, hein? Nada mais que uma retribuição por algo recebido.
Através de recompensa, ao outro se dá a retribuição ou se faz o reconhecimento
daquilo que foi concedido.
Faça o bem
que receberá o bem, assim se diz. O mal virá com o troco da maldade. Quem dá
flores não merece espinhos. Quem estende a mão para servir não merece depois
ser apunhalado.
A
recompensa está sempre presente e viva na vida das pessoas. Aliás, tudo é
recompensa. O amor com o amor, a gratidão com a gratidão, o afeto com o afeto. Dar
pelo que recebeu. Agradecer pela dádiva assegurada.
Contudo,
na vida prática, comumente as pessoas se esquecem do valor da recompensa ou da
gratidão e, ao invés da justa retribuição, agem perante o outro como se deste
tivesse recebido uma brasa em fogo ou um enxame de abelhas.
Daí não
somente deixarem de agradecer como transformam aquele gesto de bondade numa
maldade sem fim. São as cruéis recompensas espalhadas a todo instante e por
todo lugar.
A pessoa
sempre mostra gratidão, é amiga e leal, mas a outra vai falando barbaridades
pelas costas. O marido sai pra trabalhar debaixo do sol e da chuva, esforça-se
feito um animal de carga para não deixar faltar nada em casa, mas sua esposa
recompensa seu sacrifício com a traição.
Os pais
lutam pela melhor educação dos filhos, tudo fazem para guiá-los pelos caminhos
do bem, mas da porta da frente em diante vem a pancada. A pessoa pede uma
esmola, recebe um pão, mas na esquina mais próxima lança o alimento no esgoto.
A pessoa
claramente passa fome, precisa de qualquer ajuda, mas quando recebe - e depois
da barriga cheia - age como se a outra tivesse obrigação de colocar comida no
prato. Quando a fome chega novamente, retorna de mão estendida, sempre
cabisbaixa e entristecida (ainda que falsamente), como se nenhuma ingratidão tivesse
cometido.
Existem
pessoas assim: quanto mais são ajudadas mais se fazem de esquecidas. Ou de
repente se tornam simplesmente como inimigas daquela que ajudou. E mais: tudo
fazem para ferir, magoar, para mostrar a feição maléfica que há dentro de si.
Mas, como
diz o Livro do Eclesiastes, um dia passa e outro dia vem. Quem estendeu a mão a
recolherá, quem não recompensou será esquecido. E quem ajudou, quem fez o bem o
bem, que agiu pela bondade cristã, continuará sempre com o coração confortado.
E será recompensado pela ação divina.
Mas o
outro, aquele que faz da retribuição uma cruel recompensa, este prestará contas
não só aqui na terra como - e principalmente - lá em cima. Se não for logo
empurrado pra baixo. E não haverá mão que lhe seja estendida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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