*Rangel Alves da Costa
Todos os dias, em horário pontual, a Sra.
Maureen se apresenta perante o sua Sala de Flores para tomar chá. Ambiente
requintado, uma pequena sala com parede envidraçada que se defronta com um
florido jardim, quase sempre recebendo uma brisa boa e perfumada. Ao chegar, a
velha senhora senta-se numa cadeira tendo adiante uma mesinha ornada de flores
e enfeites rústicos, para logo receber a visita da serviçal. A empregada chega
impecável, com roubas e lenço brancos, e sempre empurrando um carrinho com chá,
café, leite, biscoitos, pedaços de bolos, pãezinhos, geleia, polvilhos, nata
fresca e muito mais. Coloca tudo sobre a mesinha e se despede para que a velha
senhora faça seu desfrute do entardecer. Comida que talvez desse para dez ou
vinte pessoas. Logo a senhora coloca chá numa xícara e a leva até a boca, porém
a recolhe em seguida. Nunca experimenta nada, nunca bebe um gole de nada. Em
seguida, após colocar a xícara de chá sobre a mesa, põe-se com o seu olhar
perdido sobre o jardim e os horizontes. Então começa a lacrimejar. Seus olhos imóveis,
mirando sempre na mesma direção, deixam-se tomar de lágrimas. E os pãezinhos,
os bolos, o café, o chá, todas as guloseimas entristecem também. Até que a
noite caia. E todos os dias assim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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