SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 27 de outubro de 2018

Palavra Solta – quando a Sra. Maureen vai tomar chá



*Rangel Alves da Costa


Todos os dias, em horário pontual, a Sra. Maureen se apresenta perante o sua Sala de Flores para tomar chá. Ambiente requintado, uma pequena sala com parede envidraçada que se defronta com um florido jardim, quase sempre recebendo uma brisa boa e perfumada. Ao chegar, a velha senhora senta-se numa cadeira tendo adiante uma mesinha ornada de flores e enfeites rústicos, para logo receber a visita da serviçal. A empregada chega impecável, com roubas e lenço brancos, e sempre empurrando um carrinho com chá, café, leite, biscoitos, pedaços de bolos, pãezinhos, geleia, polvilhos, nata fresca e muito mais. Coloca tudo sobre a mesinha e se despede para que a velha senhora faça seu desfrute do entardecer. Comida que talvez desse para dez ou vinte pessoas. Logo a senhora coloca chá numa xícara e a leva até a boca, porém a recolhe em seguida. Nunca experimenta nada, nunca bebe um gole de nada. Em seguida, após colocar a xícara de chá sobre a mesa, põe-se com o seu olhar perdido sobre o jardim e os horizontes. Então começa a lacrimejar. Seus olhos imóveis, mirando sempre na mesma direção, deixam-se tomar de lágrimas. E os pãezinhos, os bolos, o café, o chá, todas as guloseimas entristecem também. Até que a noite caia. E todos os dias assim.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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