*Rangel Alves da Costa
O primeiro turno da eleição para presidente
passou e agora resta somente a disputa entre duas paixões: o bolsonarismo e o
petismo. E não propriamente entre Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do
PT.
Explica-se o porque de em tal contexto as
paixões serem mais importantes do que os próprios candidatos. Simplesmente pelo
fato de que o bolsonarismo se tornou mais valoroso do Bolsonaro e o petismo é
muito mais importante do que Haddad.
Ora, Jair Bolsonaro é candidato sem deixar
realmente claro o que ele desejar ser acaso seja eleito presidente. Fernando
Haddad é candidato que nada diz sobre sua capacidade de administrador, vez que
já reprovado na gestão da prefeitura paulistana.
E então, por que estes dois candidatos, com
conteúdos políticos tão incipientes, foram escolhidos pelos eleitores para se
digladiarem até o pleito definidor do segundo turno? A resposta não estará nos
candidatos, mas nas forças populares que se aglutinaram ao seu redor.
Sim, assim mesmo, pois de um lado há o
bolsonarismo e do outro o petismo (ou lulismo). Pouco importa a força em si dos
candidatos. O que está em jogo é tão somente a oposição entre os ideais do
bolsonarismo e do petismo (lulismo). Bolsonaro e Haddad estão muito aquém de
tais forças que se opõem.
Para uma melhor ideia do jogo de oposições, a
grande maioria dos votantes em Bolsonaro o tornou escolhido como candidato não
pelo fato de o mesmo representar a força da verdadeira mudança que o Brasil
tanto precisa, mas apenas pelo fato do declarado antipetismo.
Nessa linha de raciocínio, o bolsonarismo
quer vencer o petismo, quer derrotar o lulismo, quer sobrepujar aqueles tidos
como responsáveis por mil e uma mazelas que assolaram o País. Assim, o
bolsonarismo não vota contra o candidato Haddad, e sim - e com unhas e dentes -
contra o partido e a liderança maior que o representa.
O bolsonarismo é o anti-lulismo explícito. Haddad
pode passar na estrada, mas Lula não. Haddad é um tanto faz ante a demonização
que se tem de Lula. É o ex-presidente que parece ter contas a acertar com muita
gente, com grande parte dos eleitores de Bolsonaro. E por isso mesmo desejam
cortar o mal pela raiz.
O bolsonarismo tenta, a todo custo, vencer o
endeusamento que quer sobrepujar a inteligência brasileira. E logo chama para
si a responsabilidade pela derrota daqueles que insistem em ter em mãos o
poder, mas quando o tiveram deram os exemplos mais degradantes.
O bolsonarismo pensa assim, luta para vencer
aquilo que os seus partidários chamam de putrefata corrupção, mas será que o
petismo (ou lulismo) possui um pretexto de igual teor? Não. O pretexto de
vencer o medo da violência é apenas um discurso de uso por falta de outro.
E falta outro por que ao petismo não
interessa vencer isso ou aquilo, interessando apenas vencer e retomar o poder.
Mas também mostrar que mesmo dentro de uma cadeia o ex-presidente ainda é quem
manda no País. Os objetivos reais de tanto querer retomar o poder possuem feições
tão nebulosas que até são difíceis citar.
Por que o petismo é quem disputa a
presidência e não o candidato escolhido, tanto faz que o seu nome fosse outro
qualquer. Tanto assim que Haddad foi escolhido não por ser bom exemplar de
alguma coisa, mas simplesmente para representar o petismo ou lulismo.
O próprio PT sabia da existência de nomes
muito melhores que Haddad. Não foi feita outra escolha pelo simples fato do
medo de colisão entre a cartilha do candidato e a cartilha de Lula. Assim, o
candidato escolhido não tem nem vida própria, pois a desenfreada tentativa de
encarnação de Lula.
Daí que, de fato, o candidato do PT é Lula, e
não Haddad. Todo esforço que se faz é para mostrar a força e o poder de Lula, e
não da capacidade do candidato escolhido. E é exatamente isso que o
bolsonarismo tanto confronta. O bolsonarismo quer derrotar o lulismo, e não
Haddad.
Por isso mesmo que os bolsonaristas são mais
antilulistas do que mesmo a favor de Bolsonaro. Este é apenas um porta-voz de
uma militância que não mais aceita viver no País do esquecimento dos
descalabros deixados pelos rastros do petismo.
Em tal contexto, a guerra aberta vai muito
além do nome de candidatos. Os lulistas e petistas querem vencer por e em nome
de Lula. Os bolsonaristas querem deixar Lula aonde ela está mesmo.
Guerra de ideologias? De jeito nenhum. Guerra
de ódios e paixões. A ideologia do petismo é o lulismo. E do bolsonarismo é
apenas o anti-lulismo. Paixões e ódios numa batalha que logo será conhecido
qual vencedor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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