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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 21 de outubro de 2018

Palavra Solta - “Doutor, doutor, doutor...”



*Rangel Alves da Costa


Compreendo muito bem que na maioria das vezes é apenas por um gesto de diferenciado respeito, mas não me sinto bem tendo o meu nome esquecido e no seu lugar surgindo apenas “Doutor, doutor, doutor...”. Não gosto mais ainda quando o “doutor” é dito e repetido por pessoas do meu lugar, de longa amizade, que comigo cresceram ou de grande convívio. Não me sinto bem mesmo. Gosto que me chamem de você, de ei, de Rangel. Gosto quando dizem “você Rangel”, “ei Rangel”, pois o meu nome não é outro não, é Rangel mesmo. Por que um meu humilde conterrâneo ao invés de dizer Rangel, ou filho de Alcino ou de Dona Peta, tenha que me chamar de “doutor”? Por que aquele que comigo brincou na infância com boi de barro ou catando papel de cigarro, agora chegue perto de mim e tenha de fazer toda referência do mundo e me chamar de “doutor”? Não. De jeito nenhum. Tal formalismo no tratamento não cabe bem em minha pessoa. Sou apenas Rangel. E pronto. Mas gosto mesmo quando me chamam pelo apelido de infância: Del. Poucas pessoas me tratam assim, como Dilma, Maria Célia e Cacinha, mas não há coisa melhor de se ouvir. Quando ouço Del é como se aquele Rangel ainda existisse inteiro em mim.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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