*Rangel Alves da Costa
Compreendo muito bem que na maioria das vezes
é apenas por um gesto de diferenciado respeito, mas não me sinto bem tendo o
meu nome esquecido e no seu lugar surgindo apenas “Doutor, doutor, doutor...”.
Não gosto mais ainda quando o “doutor” é dito e repetido por pessoas do meu
lugar, de longa amizade, que comigo cresceram ou de grande convívio. Não me
sinto bem mesmo. Gosto que me chamem de você, de ei, de Rangel. Gosto quando
dizem “você Rangel”, “ei Rangel”, pois o meu nome não é outro não, é Rangel mesmo.
Por que um meu humilde conterrâneo ao invés de dizer Rangel, ou filho de Alcino
ou de Dona Peta, tenha que me chamar de “doutor”? Por que aquele que comigo
brincou na infância com boi de barro ou catando papel de cigarro, agora chegue
perto de mim e tenha de fazer toda referência do mundo e me chamar de “doutor”?
Não. De jeito nenhum. Tal formalismo no tratamento não cabe bem em minha
pessoa. Sou apenas Rangel. E pronto. Mas gosto mesmo quando me chamam pelo
apelido de infância: Del. Poucas pessoas me tratam assim, como Dilma, Maria
Célia e Cacinha, mas não há coisa melhor de se ouvir. Quando ouço Del é como se
aquele Rangel ainda existisse inteiro em mim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário