SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 10 de novembro de 2012

PALAVRAS SILENCIOSAS - 70


Rangel Alves da Costa*


“Um dia voltarei ao passado...”.
“Pela porta ou pela memória?”.
“Pelo caminho mais próximo...”.
“Está saudosista?”.
“O que seríamos sem o passado?”.
“Tem gente que nem conhece o presente...”.
“Pode não ter o presente nem o futuro, mas certamente terá o passado...”.
“Se acaso lembrar que existiu...”.
“Verdade é que não adianta o passado sem saber reverenciá-lo...”.
“Depende das realizações...”.
“Eis a importância do tempo presente...”.
“Construindo a boa recordação e alicerçando o futuro...”.
“Mas o passado implica em muitas coisas, muitas considerações...”.
“Porque não existe apenas o passado pessoal...”.
“Mas um tempo vivido...”.
“E nesse tempo, ainda que nem tudo possa ser de boa recordação, num recorte se terá muito a agradecer...”.
“Verdade. A pessoa é apenas um personagem num contexto...”.
“Cuja trama é a própria realidade...”.
“A vida nos seus confrontos...”.
“Os momentos, as realizações...”.
“As derrotas, as conquistas...”.
“As possibilidades e os sonhos...”.
“Os relacionamentos...”.
“As vivências e convivências...”.
“O alimento na seiva familiar...”.
“O problema é que dificilmente as pessoas vivem o presente pensando em mais tarde não ter arrependimentos...”.
“Por isso a maioria não gosta de recordar...”.
“Ora, é terrível viver a realidade como se a única significação dela fosse tirar vantagem em tudo...”.
“Quem pensa assim destrói o seu tempo de realizar...”.
“Eis que a vida, como diz o ditado, é feita para ser vivida...”.
“E não para servir às ambições pessoais...”.
“E tais ambições refletem nas relações e nas atitudes...”.
“Fim dos tempos...”.
“Deprimente e tão realidade...”.
“Plantando apenas ervas daninhas, o que pretenderão mais tarde como colheita?”.
“E como sentarão numa cadeira de balanço para recordar...”.
“Relembrar o que, recordar o que?”.
“Por isso mesmo que muitos vivem como se o passado não existisse...”.
“Colhendo agora apenas o medo...”.
“O medo de relembrar tanto mal...”.
“Tanta oportunidade perdida...”.
“Tanto amor que não soube dar, tanto afeto que não quis receber...”.
“Tanto e tudo que deveria ter feito...”.
“E o nada feito pela ambição do momento...”.
“Não recordará do diálogo com as pessoas idosas...”.
“Não se lembrará da boa convivência com os vizinhos...”.
“Não recordará alegremente dos amigos...”.
“Não pensará nas coisas simples e cativantes...”.
“Não imaginará que um dia foi criado no seio familiar...”.
“Que existiu um pai, uma mãe...”.
“Irmãos, avôs, avós, primos, parentes...”.
“Nem da namoradinha lembrará...”.
“Ninguém namora pessoas assim...”.
“É como diz o poema: quem passou pela vida em branca nuvem...”.
“E em plácido repouso adormeceu...”.
“Quem não sentiu o frio da desgraça...”.
“Quem passou pela vida e não sofreu...”.
“Foi espectro de homem, não foi homem...”.
“Só passou pela vida, não viveu...”.
“Belíssima poesia de Francisco Octaviano...”.
“Ilusões de vida, eis o título...”.
“Realmente, quem passa pela vida e não vive...”.
“É um ser inexistente que existe!”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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