SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

PALAVRAS SILENCIOSAS - 87


Rangel Alves da Costa*


“E de repente me vejo pensando nas dores do mundo...”.
“Pressinto um pessimismo schopenhaueriano...”
“Apenas a realidade...”.
“Mas o pessimismo é realidade, só que realidade demais...”.
“Não deixo de ver qualidades na doutrina pessimista...”.
“Também não. Não há que viver de ilusões...”.
“Se o mal existe não pode ser escondido...”.
“Não existe felicidade aparente...”.
“Tem gente que vive maquiando situações...”.
“Até quando, pergunto...”.
“É que confundem o pessimismo com a crítica social...”.
“Critica-se a realidade porque existente, visível...”.
“E nela o pessimismo pela sua permanência...”.
“Por exemplo, vejo com pessimismo nossa realidade social...”.
“E porque não há como negar as mazelas...”.
“Errôneo é adotar o otimismo governamental naqueles discursos mentirosos...”.
“A miséria está sendo debelada...”.
“A pobreza está sendo erradicada...”.
“Não existem mais pessoas na escala de absoluta pobreza...”.
“A educação é de qualidade...”.
“E para todos...”.
“O País superou os graves problemas sociais existentes...”.
“Não é nem discurso otimista, mas deslavada mentira...”.
“Daí que o pessimismo vem com a sua indignação diante da realidade...”.
“E que não pode ser negada...”.
“E realidade esta que forma as dores do mundo...”.
“Será pessimismo olhar para as crianças africanas e querer chorar?”.
“Afirmar que os governantes não estão nem aí para a proliferação das drogas?”.
“Dizer que discursam bonito, mas na prática não movem uma palha sequer?”.
“Não é pessimismo, e sim constatação, vivenciamento da realidade...”.
“A certeza que o barraco vai cair na próxima chuva...”.
“A mão de esmola...”.
“As marquises com os seus moradores...”.
“As pontes com os seus habitantes...”.
“O abandono à infância, à velhice...”.
“O desemprego, o subemprego...”.
“As injustiças sociais...”.
“As injustiças na Justiça...”.
“As tantas desesperanças...”.
“Difícil sorrir diante da incúria, da miséria, da degradação...”.
“Difícil o alento diante da dor e do sofrimento...”.
“Não posso dizer que está tudo bem diante do que encontro nos corredores dos hospitais...”.
“Perante uma educação que não tem teto no barraco que chamam sala de aula...”.
“E não tem cadeira, não tem merenda...”.
“Difícil pensar no salário de quem realmente trabalha diante dos rendimentos de apadrinhados e comissionados...”.
“Difícil ter feliz coração se acordo sem pão...”.
“Se acordo com contas debaixo da porta...”.
“Se o café é amargo demais...”.
“Difícil falar em felicidade se saio às ruas...”.
“Os medos e tantos medos...”.
“E ao retornar ligar a televisão para o espanto...”.
“Para as mentiras e as realidades...”.
“Para ouvir falar nos escândalos de Brasília...”.
“Para ouvir falar no sertão nordestino...”.
“Difícil não ser pessimista...”.
“Difícil não sofrer diante das dores do mundo...”.
“Das dores em nós...”.
“Que pensamos...”.
“E sofremos...”.

  
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: