O
pé, a porta, o passo...
Já é tarde demais para ficar
não há mais dias para viver
não há mais noites para dormir
tudo o que plantei já colhi
e tudo que semeei já morreu
e agora sei que não posso mais
esperar a chuva na moringa
ou o grão trazido na ventania
tenho que seguir, tenho que partir
então me vejo na despedida
carregando embornal e saudade
com o pé descalço diante da porta
com a porta esperando meu passo
e a estrada adiante tudo esperando
mas não sei se quero partir assim
um pé quer ir e outro quer ficar
a porta se abre e logo quer fechar
o passo parece não querer andar
talvez amanhã eu possa voar.
Rangel Alves da Costa
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