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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PALAVRAS SILENCIOSAS – 515


Rangel Alves da Costa*


“Desde muito pensando num novo romance...”.
“Literário. Não de coração...”.
“Escrevo mil livros e não encontro um amor...”.
“Fico imaginando a trama...”.
“Uma saga, uma história bonita...”.
“Personagens vivendo seus conflitos...”.
“Em meio a um destino cruel...”.
“Certamente uma história triste...”.
“Aliás, meus romances possuem mais lágrimas que sorrisos...”.
“Já escrevi um todo passado durante uma tempestade...”.
“Tempestade voraz, persistente...”.
“E tanta aflição naquele povo criado por mim...”.
“Mas também os amores molhados...”.
“As saudades sem sopro na janela...”.
“Creio ser minha melhor história...”.
“E tantos outros enredos, tramas e labirintos já escrevi...”.
“Sobre a solidão e a incompreensão...”.
“Sobre destinos que se cruzam...”.
“Sobre situações fantásticas na existência...”.
“E também realidades fantásticas...”.
“E até fantasmagóricas...”.
“Mas agora penso numa coisa diferente...”.
“Numa história com outro viés...”.
“Por isso tenho pensando muito...”.
“Rabiscado muito...”.
“Costurado e retalhado...”.
“Mas sempre volto ao velho ponto de partida...”.
“Difícil escrever sem descrever conflitos humanos...”.
“Labirintos existenciais...”.
“E tudo envolvendo sofrimento...”.
“Angústia e solidão...”.
“Até mesmo uma história alegre e contagiante...”.
“Sempre se vê diante de lágrimas...”.
“Não posso fugir de determinadas características...”.
“A minha escrita não forja o sorriso...”.
“Sempre há um entardecer e uma solidão...”.
“Um personagem triste...”.
“Mais um personagem triste...”.
“E outro mais triste ainda...”.
“E um pássaro mudo...”.
“Numa mudez de tristeza...”.
“Uma janela aberta para a ventania dialogar...”.
“E a moça triste a chorar...”.
“Uma estrada adiante...”.
“Por onde pessoas tristes caminham...”.
“Até bater à porta de pessoas...”.
“Que as recebem tão entristecidas...”.
“E passam a tarde inteira conversando sobre tristezas...”.
“Sobre saudades, angústias e aflições...”.
“Mas tudo até chegar o outono...”.
“Mas o outono é tão triste...”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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