Rangel Alves da Costa*
No último dia 20, nas minhas viagens
advocatícias pelo interior sergipano, encontrei o juiz aposentado, advogado e
escritor Dr. Pedro de Morais no fórum da cidade de Frei Paulo, entre o sertão e
o agreste do estado.
Para quem não recorda, Dr. Pedro de Morais é
o autor do polêmico livro “Lampião - O Mata Sete”, obra onde procura mostrar o
homossexualismo do mais famoso dos cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião. Verdade é que até hoje o livro está proibido por ordem judicial.
Mas não conversamos sobre o assunto.
Desnecessário para o momento, até mesmo porque possuímos pontos de vista totalmente
diferentes sobre o tema. Falamos sobre o falecimento de meu pai Alcino Alves
Costa, de quem o escritor era próximo e cordial amigo, bem como sobre nossas
novas incursões literárias.
De minhas mãos recebeu autografado o livro “Todo
o Sertão num só Coração - Vida e Obra de Alcino Alves Costa”, afirmando que
faria leitura atenta e prazerosa sobre a vida do amigo escritor sertanejo. Também
teceu comentários acerca da amizade existente entre Alcino e o escritor baiano Oleone
Coelho Fontes.
Mesmo sem adentrar nos rumos de seu polêmico
livro, confessou-me estar preparando uma nova obra, e dessa vez sobre Antônio
Conselheiro e Canudos. Quando eu disse das dificuldades de se escrever sobre
personagens e fatos históricos já tão explorados por escritores famosos, o Dr.
Pedro de Morais confirmou tal preocupação, mas disse que a historiografia
famosa não significava fidelidade aos fatos.
Por isso mesmo estava fazendo algumas
incursões pela região de Canudos e tendo muito cuidado com a pesquisa
bibliográfica, pois parecendo que cada escritor mostrava os mesmos fatos sobre
vertentes diferentes, e muitas vezes contradizendo dados tidos como verdades
históricas.
E confessou-me da felicidade em encontrar um
livro de um escritor da região, cuja obra nem de longe alcançou a leitura de um
Euclides da Cunha, Marco Antonio Villa e tantos outros de nomeada, mas que é
aquele mais fiel às possibilidades históricas daqueles acontecidos. O nome do
autor é José Aras.
Prometeu-me uma visita para outros diálogos.
Contudo, desse breve encontro e da explanação feita acerca da nova empreitada
literária, restou a esperança de que o Dr. Pedro de Morais não mais incorra em
tão desastrada incursão como fez com o seu Mata Sete. Até que me deu vontade de
perguntar, logicamente em tom de brincadeira, se não tentaria provar que
Antônio Conselheiro também era gay.
Mas deixei pra lá. Essa tentativa desenfreada
de colocar personagens históricos no rol dos afeminados é coisa pra Luiz Mott.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário