*Rangel Alves da Costa
Um trem de
saudade. Sim, um trem de saudade. E saudade do apito, do ronco das máquinas, do
barulho nos trilhos, das pessoas chegando e partindo, das flores à mão, das
malas antigas de couro, das lágrimas nos olhos, dos adeuses. Outro dia li uma
reportagem que me deixou assim, com um trem de saudade, com vagões imensos de
tantas saudades. Dizia a reportagem que pouco ainda resta das antigas estações
de trem. A grande maioria foi abandonada, virou escombros ou locais de moradia
do imprestável. Outras, ainda em pé, sentem a ausência dos trens chegando e
partindo, vez que viagens em locomotivas foram engolidas pelas aeronaves,
rodovias e embarcações. E o que se tem agora é uma feição nostálgica tamanha
que somente a memória para ainda avistar a bonita e singela estação, com seu
relógio e bancos largos, e logo adiante os trilhos se alongando pelos
horizontes. Lá na curva da serra, de repente o apito e a fumaça anunciando a sua
chegada. E os braços abertos para o reencontro e os braços derreados pelo
adeus. E os acenos, os beijos ao longe, os lenços deixados ao vento, as rosas
caindo rente aos trilhos. E o apito do trem. Um trem de saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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