SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

PALAVRAS SILENCIOSAS – 123


Rangel Alves da Costa*


“O nosso cancioneiro é um livro aberto...”.
“Um lindo caderno de poesia...”.
“Sob cuja inspiração os anjos se transportam...”.
“Pérolas que nascem em conchas...”.
“Joias e raridades que vão ecoando...”.
“E é por isso que ouvimos...”.
“Somos agraciados com versos assim...”.
“Um dia a areia branca seus pés irão tocar, e vai molhar seus cabelos a água azul do mar. Janelas e portas vão se abrir pra ver você chegar. E ao se sentir em casa, sorrindo vai chorar...”.
“E basta contar compasso, e basta contar consigo, que a chama não tem pavio. De tudo se faz canção, e o coração na curva de um rio, rio, rio...”.
“Vem morena ouvir comigo essa cantiga, sair por essa vida aventureira, tanta toada eu trago na viola pra ver você mais feliz. Escuta o trem de ferro alegre a cantar, a reta da chegada prá descansar no coração sereno da toada, bem querer. Tanta saudade eu já senti, morena mas que coisa tão bonita, da vida nunca vou me arrepender...’.
“Lenha na fogueira, lua na lagoa, vento na poeira, vai rolando à toa. A cantiga espera quem lhe dê ouvidos, a viola entoa solidão de amigos. A saudade lembra de lembranças tantas, que por si navegam nessas águas mansas. A saudade lembra de lembranças tantas, que por si navegam nessas águas mansas. Quando a cachoeira desce nos barrancos, faz a várzea inteira se encolher de espanto. Lenha na fogueira, luz de pirilampos, cinzas de saudades voam pelos campos...”.
“É pau, é pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco, é um pouco sozinho. É um caco de vidro, é a vida, é o sol. É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol. É peroba do campo, é o nó da madeira. Caingá, candeia, é o Matita Pereira. É madeira de vento, tombo da ribanceira. É o mistério profundo, é o queira ou não queira. É o vento ventando, é o fim da ladeira...”.
“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida. Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia. Anoiteceu e eu preciso só saber. Como vai você?...”.
“Amigo é coisa para se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração. Assim falava a canção que na América ouvi, mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir. Mas quem ficou no pensamento voou, com seu canto que o outro lembrou. E quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou...”.
“Quando não tinha nada eu quis, quando tudo era ausência esperei, quando tive frio tremi, quando tive coragem liguei. Quando chegou carta abri, quando ouvi Prince dancei, quando o olho brilhou, entendi, quando criei asas, voei. Quando me chamou eu vim, quando dei por mim tava aqui. Quando lhe achei, me perdi. Quando vi você, me apaixonei...”.
“Meu coração tropical está coberto de neve, mas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve mar. Bendita lâmina grave que fere a parede e traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais. Roseirais, nova Granada de Espanha, por você eu, teu corsário preso, vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar me arrastar até o mar, procurar o mar...”.
“Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar. Não tive a intenção de me apaixonar, mera distração e já era momento de se gostar. Quando eu dei por mim nem tentei fugir do visgo que me prendeu dentro do seu olhar. Quando eu mergulhei no azul do mar sabia que era amor e vinha pra ficar. Daria pra pintar todo azul do céu, dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim...”.
“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixem que eu decida a minha vida. Não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração...”.
“Eu queria saber o que faço pra agradar o mundo, se é preciso dar murro em ponta de faca ou não, se não devo parar os meus passos na beira do abismo, para ter uma estátua na praça ele era tão bom... Da vida não levo nada, do jeito que a vida vem, depois de fechar os olhos não adianta ser alguém...”.
“Em cada letra a genialidade do artista...”.
“Poesia na boca do povo...”.
“Na alma e no coração...”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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