Rangel Alves da Costa*
O jogo de ontem, quando a nossa selecinha
brasileira conseguiu afastar um vexame histórico ainda nas oitavas, pode ser
muito bem analisado através da partícula ou
pronome reflexivo “se”.
Se o Neymar não tomar cartão daqui em diante,
certamente o Brasil será campeão, eis que será invencível. E assim porque
impossível que jogue pior do que o fez contra o Chile. Não há como apresentar
um futebol tão apático, ridículo e improdutivo. E se venceu sendo tão ruim, no
mínimo poderá manter o mesmo nível, jamais pior.
Se, já no último minuto do segundo tempo da
prorrogação, aquela bola sequer batesse no travessão superior ou, mesmo
tocando, entrasse no gol, ainda hoje Felipão estaria dando explicações. Mas
jamais conseguiria justificar o vergonhoso futebol apresentado pela selecinha.
Se aquela bola entrasse e a seleção chilena
tivesse mandado o Brasil “de volta pra casa” teria sido feito justiça ao grupo
de guerreiros frente a um punhado de jogadores medíocres. Indubitavelmente, não
passa de um monte de farsantes atentando contra a integridade física e
emocional do fiel e abnegado torcedor.
Se aquela bola chutada pelo chileno Pinilla
entra no gol não só a selecinha estaria eliminada como muita gente teria ido
também mais cedo pro beleléu, eis que certamente os torcedores se empenham mais
e sofrem muito mais que os próprios jogadores. E muitos corações não
suportariam o gol adversário já no último minuto da partida.
Se aquela bola de Pinilla entrasse não se
estaria agora, errônea e descabidamente, endeusando o goleiro Júlio César. Ora,
goleiro é pra defender mesmo, possui tal missão no ofício. O que não pode, e
jamais deverá ser esquecida, é aquela falha de principiante contra a Holanda,
na copa passada, quando o Brasil foi eliminado por culpa sua.
Se houvesse uma verdadeira seleção, nisto
implicando os melhores jogadores do país, não estaríamos sofrendo tanto, quase
morrendo a cada jogo - de tensão e de raiva - por culpa de um perna de pau
igual a Fred, de um jogador de várzea igual a Jô e de um jogadorzinho apenas
esforçado igual a Hulk.
Se Felipão fosse mais humilde, se soubesse
ouvir quem entende do assunto - fora, logicamente, toda a torcida brasileira -
desde muito já saberia que Fred, Jô e Hulk não são jogadores merecedores de uma
seleção do quilate da brasileira. Ao menos assim noutros tempos.
Se esta seleçãozinha que está aí realmente
estivesse capacitada para ganhar uma copa do mundo, certamente não teria que
contar com tanta sorte, não seria tão encurralada pelos adversários e não deixaria
seus torcedores tão aflitos. Noutros tempos, verdadeiros adversários eram
Alemanha, Argentina e Holanda, e não um México ou um Chile.
Se estes canarinhos sem canto e asas fossem
realmente os melhores ou ao menos estivessem num nível de confiabilidade futebolística,
jogos como aqueles contra a Croácia, o México e Camarões seriam tidos apenas
como treinos de luxo para os embates mais importantes. Mas não, penou diante da
Croácia e quase se ajoelha perante o México. E a vaca quase vai pro brejo
contra o Chile.
Se aquela bola entra, não quero nem pensar se
aquela bola entrasse. As manifestações violentas voltariam no instante
seguinte, a arrogante e prepotente Dilma estaria com a derrota selada, muito
ainda teriam de prestar conta ao povo mais uma vez enganado.
Mas também se aquele juiz da partida
estivesse realmente gabaritado para uma Copa do Mundo não teria falhado tanto.
Hulk ajeitou a bola um pouco abaixo do ombro e não com a mão. Portanto, aquele
gol teria de ser validado.
E se aquele gol, legítimo e sem qualquer
incerteza, tivesse sido validado e naquela altura o Brasil retomasse novamente
a frente do placar, indubitavelmente que não haveria tanta letargia, um
desânimo tão grande e tanta mediocridade futebolística, e em todos os
jogadores.
Se o endeusaso Neymar cismar que aquele não é
o seu dia, então não será o dia de mais ninguém. Incrível como a equipe se vale
de apenas um jogador, de sua estrela naqueles momentos. Tudo depende dele, tudo
só dá certo através de suas jogadas. E quando ele não joga não há futebol na
equipe inteira.
E se Neymar tomar outro cartão amarelo antes
da final? Aí tudo estará acabado, findado, terminado. E assim porque todo o
restante da seleção não vale um só jogador. E basta um cartão. Cartão não,
lenço de lágrima e de adeus.
Por fim, se por maldade, merecimento ou “arrumação”,
Neymar tomar um simples cartão amarelo na próxima partida contra a Colômbia, mesmo
que haja vitória, a derrota na semifinal já é dada como certa, pois ele não
estará em campo. E sem ele...
Sem ele não há trave ou sorte que dê jeito.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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