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domingo, 1 de junho de 2014

VIDA - UM INSTANTE, APENAS...


Rangel Alves da Costa*


No percurso da vida e no contexto da existência humana, não somos mais que um instante, apenas. Uma vela flamejando ao vento, uma fagulha apressada. E depois as cinzas no tempo.
Ao homem não foi permitido viver além do seu tempo próprio, e por isso não lhe cabe pensar em eternidade ou imortalidade. Apenas viver seu tempo de vida, que é quase nada.
E o homem vive quase nada diante da infinitude de outras idades. Daí que a duração de sua vida sequer se torna suficiente para concretizar a maioria de seus planos. Tudo rápido, passageiro demais.
Viver oitenta, noventa, cem anos ou mais, é viver muito? Na idade do mundo não seria sequer a fuligem do minúsculo e invisível pó.
O tempo de duração do homem é tão curto que saindo de um ponto, o de nascimento, logo vai seguindo para o seu ponto final, a morte. Mesmo que não se aviste de um ponto a outro, muitos têm pressa de alcançar.
É ilusão pretender ser grande demais na curta duração da existência. Os egoísmos, as vaidades, as soberbas e egocentrismos se vão e permanece ainda viva e imponente a velha árvore relegada ao esquecimento. E quanto tempo perdido com ostentações egoísticas!
A imensa maioria não aceita, mas no universo a idade do ser humano tem menor significado que milésimos de segundo. Praticamente não existe. Quer dizer, o homem é tão passageiro que nenhuma falta faria na contagem do tempo.  
A grande explosão do universo, ou Big Bang, ocorreu acerca de 13,9 bilhões de anos atrás. A Terra possui cerca de 4,56 bilhões de anos. Os dinossauros foram dizimados da terra há 65 milhões de anos. E qual a idade do indivíduo diante de números tão grandiosos?
Para se ter outra ideia, há uma idade antes e depois de Cristo. Há uma idade da pré-história ao mundo contemporâneo. E tudo isso implica numa imensidão de anos. E qual a idade do homem no seu percurso de existência?
A vida humana é apenas um limite, um instante entre o nascer e o morrer. Por mais que esse instante se alongue, ainda assim será muito pouco diante do permitido pela vida a outros seres.
Da infância à velhice, apenas um rápido percurso. E o velho lembra como se fosse ontem de sua infância, eis que sequer houve tempo de esquecer.
Não importa que o indivíduo viva poucos dias ou ultrapasse os cem anos. Ainda assim terá vivido quase nada. E como tal logo será esquecido. E assim acontece porque o tempo histórico, os percursos e as rápidas transformações vão devorando tudo.
Ora, se o golpe militar parece que foi ontem e já se vão cinquenta anos; se o fim do século parece que foi ontem e já se vão quatorze anos; se a ceia de fim de ano parece que foi ontem e já se vão cinco meses, então que se imagine um mero tempo de vida nesse contexto.
Contudo, se por um lado a vida humana não vá além de um instante, não significa que não possa ser vivida de forma que se prolongue na própria história. E mesmo a morte não consiga apagar os rastros da existência.
Igual a todo ser, o tempo de vida de Einstein, por exemplo, foi apenas de um instante. Igualmente o de Leonardo da Vinci, Gandhi e tantos outros. Mas o que eles fizeram com os instantes de suas vidas?
Isto demonstra que os instantes da vida podem e devem ser aproveitados de tal modo que nada consiga apagar a felicidade e o prazer de tê-los vivido. E o reconhecimento possa se eternizar. 
Eis o grande segredo: reverter a vida como instante para uma vida vivenciada a todo instante. Ou ainda persistir para que cada instante da vida se torne num grande momento. E até com feitos que se perpetuem.
De qualquer modo, jamais deixe de fazer e até sonhar sob a alegação de que a vida não passa de um instante. Imagine-a, sim, como instante, mas cada um que você possui para eternizar suas realizações.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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