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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O ALUNO NO DIVÃ


Rangel Alves da Costa*


O aluno chega à sala de aula como um ser humano qualquer. Portanto, podendo trazer consigo os problemas próprios de qualquer um, desde pendências pessoais e questões envolvendo relacionamentos familiares e amorosos a predisposições rotineiras. Num estado tal, certamente que não fará o melhor acompanhamento nem da aula nem da assimilação de conteúdos. Mas problemas precisam ser resolvidos.
Um professor mais atento logo compreenderá que está diante de um problema. Como educador, cujo ofício envolve muito mais que repassar e analisar conteúdos, certamente terá que utilizar de seu conhecimento para chamar para si aquele problema e, como se estivesse colocando o aluno num divã, buscar a melhor solução possível. Até se poderia dizer que não cabe ao professor adentrar em aspectos sentimentais ou comportamentais dos educandos, mas não se pode negar que o ato de ensinar é também uma ação de compreensão do aluno como um todo. E, desse modo, envolvendo também aspectos da psicologia.
Conceitualmente, psicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores. No mesmo sentido, é a ciência que estuda o comportamento humano e animal e os processos mentais, tais como razão, sentimentos, pensamentos, atitudes.
A psicologia, pois, observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados. Desse modo, pelos aspectos abordados, logo se tem que há plena possibilidade de aplicação da psicologia no contexto educacional.
Neste sentido, existe até um ramo da psicologia especialmente voltado para o contexto educacional, através da denominada psicologia educacional. Esta psicologia educacional é compreendida como a área da psicologia que aborda todas as problemáticas referentes à educação e aos processos de ensino e aprendizagem nas crianças e adultos.
O profissional que atua nesta área procura analisar a eficácia das estratégias educacionais, desenvolver projetos educativos, bem como aprimorar as capacidades dos alunos com dificuldades de aprendizagem, em instituições educativas, tais como escolas, creches, jardins de infância, internatos, instituições de reeducação, atividades de tempo livre, etc. Mas em qualquer nível educacional a psicologia educacional pode ser aplicada com o alcance de resultados eficientes.
Contudo, mesmo que a escola não conte com um psicólogo, tais tarefas podem ser realizadas, dentro de suas limitações e possibilidades, pelo próprio professor. Ora, o próprio ato de educar é também um ato de analisar o outro, compreender suas aptidões e dificuldades, procurar resolver os problemas surgidos perante os alunos e a própria escola. Educar não é somente dizer, mas também sentir. Educar não é somente repasse, mas também interação.
Mesmo sem que o professor tenha a pretensão de agir a partir de conceitos próprios à psicologia, ainda assim toda sua ação sempre estará permeada pela ciência da análise e compreensão do comportamento do indivíduo. É próprio de sua função procurar entender seus alunos, analisar seus aspectos de desenvolvimento, buscar soluções para os problemas educacionais surgidos.
Daí que a psicologia, seja profissionalmente ou no simples ato de educar, está sempre presente no contexto escolar. E é de essencial importância que assim aconteça, pois o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem não diz respeito à saúde escolar do aluno, mas também sua saúde mental, sua predisposição para o pleno exercido das atividades.
E tudo isso é possível através da aplicação dos conceitos psicológicos na educação. Ou mesmo no simples ato de procurar entender e dialogar com o comportamento do aluno, como é feito pela maioria dos professores. Não deixa, pois, de ser uma maneira de, coloquialmente, colocar o aluno no divã.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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