Rangel Alves da Costa*
Nasci num sábado sertanejo, dia 16 de março
de 1963, há 52 anos, na querida Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo.
Registrado e batizado como Rangel Alves da Costa, meus pais Maria do Perpétuo
Alves (Peta) e Alcino Alves Costa escolheram Núbia de Dona Nenzinha e Joãozinho
de Neuza como meus padrinhos.
Minhas raízes familiares já estavam fincadas
na terra desde muito tempo. Minha mãe era filha de uma das famílias mais
tradicionais da povoação: Teotônio Alves China, China do Poço, dono de bodega e
amigo de Lampião e de quantas figuras ilustres chegassem ao lugar. E Marieta
Alves de Sá, ou simplesmente Mãeta, pequenina, porém imponente quando sentava
na calçada de sua bela moradia numa das esquinas da Praça da Matriz.
Pelo lado paterno uma família de igual renome
e reconhecimento. Ermerindo Alves Costa, meu avô, arribou das bandas de Carira
e foi ser empreendedor em Poço Redondo. Homem de muitos ofícios e vocações,
líder político nato, comerciante e senhor da Santa Rita. Já minha avó Emeliana
Marques, nascida cheirando a flor do sertão, de família numerosa que ainda hoje
enobrece o município e além, viveu e partiu exemplificando toda a nobreza da
força da mulher sertaneja.
Sou, pois, filho e fruto dessa nobre
linhagem, mas ainda pouco se não fosse o cuidadoso cultivo de Dona Peta e
Alcino. Minha mãe, uma linda mulher desde que nasceu e partiu, com sua doçura e
zelo jamais esquecidos. Meu pai, com tantos afazeres na estrada, nascido para
ser guardião da história e da cultura sertaneja, partiu tendo vivenciado também
a política, a escrita e a paixão indescritível pelo seu sertão.
A minha herança genética é indiscutível. De
minha mãe assimilei o gosto pela arte, pela pintura, pelo desenho, pela visão
poética da vida. E dela também o cultivo da fé, da religiosidade, da crença nos
poderes divinos. E de meu pai outro leque de coisas. Desde o retrato ao gosto
pela história sertaneja, dizem que tudo parece. Minha paixão sertaneja é a
mesma de Seu Alcino, a busca de suas raízes, a preocupação com a terra e sua
gente também. A minha poesia, a minha escrita, a minha arte literária, tudo já
desde raiz e berço.
Hoje estou completando 52 anos de vida. Acaso
a vida tivesse resguardado para cada um o percurso de 100 anos, mais da metade
dessa estrada já teria percorrido. Mas ela é cheia de incertezas, de
chamamentos apressados e de concessões para maior vivência. Daí ser sempre uma
dádiva divina não só o nascimento como a permanência na estrada. Se ainda entre
nós estivessem, minha mãe estaria com 71 anos e meu pai com 74. Ela partiu em
2009, aos 65 anos, e ele em 2012, aos 72 anos.
Como afirmado, cheguei ao mundo pela dádiva
divina da existência concedida por Deus aos seres humanos. Mas o Criador me deu
muito mais. Não é todo mundo que tem o prazer e honra de nascer num sertão
cativante, humilde e humano, ladeado por pessoas singelas e abençoadas. E meu
Poço Redondo é assim, um berço que orgulha todo filho seu. Deu-me uma família
numerosa, bons e fiéis amigos, um sol para enxugar os lenços molhados e uma lua
imensa para cantar o amor.
Também concessões divinas a tenacidade, a
persistência, o encorajamento para a luta. O meu esforço nunca foi em vão.
Espinhos, pedras, labirintos e armadilhas, tudo isso me foi e me é colocado na
estrada para que eu possa vencê-los. Não diria como a frase famosa que “Vim, vi
e venci”, mas a cada dia amanheço tecendo a bandeira da vitória que um dia
erguerei. E quando esse dia chegar, a felicidade me encontrará numa casinha no
meio do mato nas distâncias do meu sertão.
Estudei para saber, me formei para aprender
muito mais. A vida é em constante lição. Orgulho-me do que sou e como sou. Sou
verdadeiramente apaixonado pelo direito, a história e o jornalismo, mas um
amante inveterado da escrita, da poesia, da crônica, do romance, do conto. Um
dia deixarei no livro do tempo a poesia da minha vida: E do sonho fez asas, e
com as asas voou. Não queria a imensidão dos espaços, mas apenas estar perto de
Deus...
Por tudo isso, mesmo nos momentos mais
difíceis ergo os braços igual ao mandacaru do meu sertão para dizer: Obrigado,
meu Senhor!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
CARO AMIGO RANGEL: AS MINHAS SAUDAÇÕES PELA PASSAGEM DESSES SEUS 52 ANOS DE EXISTÊNCIA. PORTANTO, MAIS DE MEIO SÉCULO JÁ SE FOI. COMO A EXISTÊNCIA DO SER HUMANO NO PLANETA TERRA PROLONGA-SE ULTIMAMENTE, ACREDITO QUE, COM A PERMISSÃO DO ARQUITETO DO UNIVERSO, VOCÊ PODERÁ CHEGAR AOS CEM ANOS EM PLENA ATIVIDADE DA ESCRITA E JURÍDICA.
O NOBRE PESQUISADOR MENDES DE MOSSORÓ ILUSTROU MUITO BEM SEU TEXTO, COLOCANDO, ALÉM DE SEU QUADRO DE FOTOS COM TODAS AS IDADES, COMO A FOTO DO SAUDOSO ESCRITOR-AMIGO, ALCINO ALVES COSTA - SEU ESTIMADO PAI.
MUITA PAZ E TANTOS OUTROS ANOS DE VIDA JUNTAMENTE COM SEUS FAMILIARES,
ANTONIO OLIVEIRA - SERRINHA
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