*Rangel Alves da Costa
É muito melhor o pão da padaria de Tio Luiz,
que se alcança bem ali, do que o brioche da delicatessen francesa. A gente tem
que se acostumar com o que tem e viver o que tem. Por isso é bem melhor o
chinelo que cabe no pé do que um bico fino insuportável de andar. A gente tem
que aprender a ser mais a gente, a ter a humildade que nos cabe ter, deixando
de ser apenas uma ilusão. Daí que é melhor se contentar com a goiabada com
queijo (se queijo tiver) do que somente aceitar tortas, quindins e
grã-finagens. A gente não se alimenta pelo nome do prato, mas pela necessidade.
A gente não veste pela grife, mas pelo que tem no guarda-roupa. Uma gente cuja
sede faz abrir cacimba e beber água salobra não pode dizer que aceita somente
água mineral. Do que adianta a pose egoísta e vaidosa de barriga vazia? De que
adianta o anel dourado e o carro bonito se nem o travesseiro de penas de ouro
faz o sono pacífico e tranquilo chegar? De que adianta esbanjar riqueza e poder
se na morte a arrogância até fede mais? E depois de tudo todos se igualam
abaixo de sete palmos de terra.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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