*Rangel Alves da Costa
Plim-plim! Que raiva, que ódio, que ojeriza.
Ou não? Ou o ódio pela Rede Globo, principalmente pela TV Globo, não passa de
uma encenação partidária? Então vem a vinheta do Jornal Nacional! A fúria, a
raiva maior, o rancor. Ou não. Ou a aversão ao noticiário global não passa de
um inconformismo injustificado?
Já dizia um conhecido que a Globo está no
mesmo patamar de time de futebol. De um lado aqueles que admiram e até amam, e
de outro os odientos, os que se comprazem em negar suas virtudes e lançá-la aos
lamaçais. Máxima verdade. Mas fato é que os apreciadores justificam suas
estimas pelas qualidades das produções, pelo profissionalismo de sua equipe e pelo
empenho em todos os dias mostrar o melhor aos telespectadores. Já os
depreciadores, sempre repetem velhos motes de negação: cria da ditadura e
porta-voz do poder. Ou mesmo coisas mais popularescas: a televisão da
politicagem e da mentira.
Em períodos eleitorais, quando os noticiários
políticos se tornam mais efervescentes e rotineiros, bem como se faz necessário
falar mais sobre os fazeres dos candidatos, as críticas se tornam muito maiores
contra a Globo. Logo surgem acusações de proteger alguns candidatos e deturpar
a imagem de outros, as alegações de ter candidato próprio e, por isso mesmo,
transforma seu noticiário em palanque eleitoral. Mas será que é assim mesmo?
Difícil compreender as insatisfações quando os eleitores de todos os candidatos
fazem a mesma reclamação.
O petismo escrachou a Globo pela cobertura
dada ao episódio Lula. O mesmo petismo que já havia escrachado a emissora no
percurso do impeachment da presidente Dilma. Eleitores que já haviam propagado
ter sido a Globo a responsável pela vitória de Collor. E agora não vai ser diferente.
Certamente irão dizer que o jornalismo da emissora trabalha para afundar as
candidaturas de uns e alavancar a de outros. Mas não é só com relação à
política, pois as críticas vão desde a programação, ao teor das novelas e até
aos filmes repassados. Críticas e mais críticas de todo lado. Mas será que todo
esse ódio se interioriza nos odiosos ou é apenas uma forma de atirar pedras
naquilo que dá frutos?
A verdade é que muita gente comenta e
faz postagens esculachando a Globo, como se o canal televisivo fosse o
responsável por tudo o que há de ruim no Brasil. Ou tais pessoas são domadas
pela mídia ou não sabem o que dizem. É a Globo que manda político roubar, que
fez semear em Brasília e nos demais recantos a crescente corrupção? É a Globo
que vai para a urna votar ou aquele que a critica? É a Globo que escolhe o
candidato de cada um ou o próprio eleitor?
Muitos
pedem até uma retaliação geral contra a Globo, de modo que não assistam seus
noticiários, suas novelas, seus programas. Ora, é muito fácil. Nas suas casas,
simplesmente não liguem a televisão na Globo, mas não pretendam que os outros
façam o mesmo, principalmente quando todo mundo sabe que o Brasil inteiro gosta
e aplaude suas produções. Falam mal e não perdem uma novela. Criticam da boca
pra fora e não perdem um telejornal. Esculacham com o plim-plim e não perdem
uma partida de futebol.
Queiram ou
não, critiquem ou não, a Globo é poderosa não só pela qualidade de suas
produções como pela força informativa que possui. Certamente que sua notícia
passa a ter mais amplitude que aquela disseminada pelos demais canais, mas tal
força de penetração não tem o poder de mudar a realidade política, social ou
econômica do País. E não pode principalmente por que cada um é livre para
votar, para escolher suas mazelas políticas. Se depois os escolhidos se mostram
corruptos, a culpa não é da Globo. Esta, como dito, não vota, não elege os governantes
ou os parlamentares, não faz aumentar o gás e a gasolina, não eleva o preço do
pão nem do remédio. A Globo não abre inquérito, não denuncia criminalmente, não
processa nem julga, apenas noticia o andamento dos feitos. Enquanto canal
informativo, logicamente que informa. Quem aparece no seu noticiário o fez por
alguma razão.
O problema
é que o brasileiro acostumou a criticar aquilo que não lhe convém. Então a
Globo não presta por que mostra os podres de muitos, por que não mente para
dizer que é santo um imprestável. Tem-se, pois, que a culpa por tudo isso está
no próprio telespectador, e principalmente neste enquanto eleitor. Não sabe
votar, não sabe escolher, não passa de um fanatizado partidário, e depois vai
culpar o noticiário.
Por isso
que antes de desligar a TV ou resolver não assistir mais a Globo, necessário
que se tenha o cuidado de não ficar na janela do vizinho de olho em tudo o que
passa no plim-plim. Antes de dizer que é anti-globista, primeiro veja se a culpa
é do canal ou do lamaçal que o seu endeusado está envolvido.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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