*Rangel Alves da Costa
Existem beijos e beijos. Contudo, o beijo de
verdade, aquele beijado com a alma e o coração, parece estar totalmente em
desuso. Pouquíssimos são os jovens que tocam os lábios na boca amada para
sentir fruição, como se daquele gesto leve, sublime e afetuoso, pudesse voar.
Ora, um beijo amoroso não necessita ser além de um toque, de um carinho no
outro lábio, de um diálogo de pele que suavemente se roça. Atualmente, o ato de
beijar parece até sufocar, pois num exagero desenfreado de sentir a outra boca.
Não são nem beijos, mas mera sucção, chupamento, mordida, lambida lambuzamento,
molhação de tudo, desde a boca às partes íntimas. São beijos tão travessos que
as bocas parecem insaciáveis, estalando, arrancando pedaço, cuspindo, fazendo
jorrar uma desenfreada lascívia. Se o beijo é assim, que se imagine o resto.
Mas tanto no beijo como no resto nenhum prazer verdadeiro, nenhuma resposta amorosa
que seja digna de um íntimo contentamento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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