*Rangel Alves da Costa
Tudo se modernizou demais, até mesmo os
cabarés. Coisa muito mais interiorana, mas é sempre bom recordar dos bregas nos
escondidos, das casas das luzes vermelhas, dos bordéis de beira de estrada, dos
cabarés matutos. Sem suntuosidade arquitetônica, apenas uma casa acanhada de
portas abertas. Lá dentro a vitrola apaixonada, a radiola em breguice
desenfreada, o som de cortar coração para o deleite dos bêbados e das
prostitutas. Ambiente escurecido, um tanto misterioso, cheirando a limão, a
cachaça e a perfume barato. Sem falar nas podridões encardidas dos sexos
descuidados e dos quartos e lençóis tingidos de impurezas. Mesinhas espalhadas
pelos cantos. Numa, a velha prostituta vira o resto de rum entre lágrimas e
saudades. Noutra, a balofa vai acertando os últimos detalhes para o namoro.
Dois contos, cinco contos. E ainda noutra a mocinha envelhecida implora uma
aguardente. Lábios vermelhos, olhos vermelhos, rostos vermelhos, tudo vermelho.
Noite após noite e assim. Sexos encardidos, perfumes nauseantes, bebida barata,
prazeres venais de pouco valor. Vidas de pouco valor. Noites de tormento e dor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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