*Rangel Alves da Costa
Na última quinta-feira, como o carro que
sempre viajo estava quebrado, então eu resolvi ir ao sertão de ônibus. Tudo
bem, pois de vez em quando faço isso mesmo. Entrei no ônibus, sentei. Muitos
passageiros. O ônibus saiu da rodoviária e seguiu seu destino. Dentro do
ônibus, pessoas conversando, outras cochilando, outras ainda navegando com os
seus celulares. Cerca de meia hora adiante, cansado, cochilei um pouco, mas bem
rapidamente. No instante seguinte despertei com um barulho diferente. Ouvia
falar em assalto. Ao abrir mais os olhos, adiante da porta estava um rapaz de
arma à mão. Era o líder dos quatro assaltantes que mais ao fundo começavam a
recolher o que avistassem de valor, principalmente celulares. Um deles foi
chegando até onde eu estava sentado ao lado de uma senhora, e já pronto para
recolher tudo. Eu estava com dinheiro no bolso, o celular no colo e embaixo, no
piso, uma pasta minha contendo notebook, carteira, documentos e outros objetos
de valor. Imaginei que ficaria sem nada daquela vez. Um dos assaltantes veio e
pegou meu celular e da mulher ao lado, mas não falou em dinheiro nem noutros
pertences. Ainda bem, pensei. Mas no instante seguinte, eis que ouvi o líder,
sempre apontando a arma, dizer que catassem tudo de três pessoas
especificamente: eu e mais dois que estavam ao lado. Talvez pela aparência.
Contudo, a pressa dos marginais era tanta que tal ordem foi descumprida e no
instante seguinte já estavam descendo do veículo levando a catação. Foi por
pouco, mas também foi muito. Fiquei - e ainda estou - sem meu celular. E a
promessa de nunca mais viajar nestes ônibus que fazem linha para o sertão. Até
que eu compre um carro. O problema é que eu tenho que comprar também um
motorista. Desaprendi de vez a dirigir.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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