*Rangel Alves da Costa
Estou no sertão sergipano, em minha querida
Poço Redondo, e aqui apenas chuviscando, chuviscando, chuviscando. É noite,
friorenta, e muito mais fria por causa do chuviscamento. O povo sertanejo, tão
esperançoso por chuva, por chuvarada boa, de repente tem que se contentar com o
chuvisco e mais chuvisco, como se fosse uma garoa sulista. Por consequência,
nenhuma esperança de amanhã encontrar água juntada, os campos mais alegres, o verdor
retomando a vida. E na noite, debaixo do chuviscamento, nem andar por aí está
podendo. Como dizem os mais velhos, sair debaixo de chuvisco assim é doença na
certa, é gripe na certa. Bom para deitar mais cedo, para se enrolar em cobertor
quentinho, para abraçar um alguém que esteja ao lado, para buscar o calor nos
braços e no corpo amado. As ruas estão desertas, as portas fechadas, os
silêncios plangentes. Talvez os braços e os corpos estejam em fogueira. Talvez
os chuviscos lá fora tenham servindo para os reencontros. Nada perdido, então.
Melhor assim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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