*Rangel Alves da Costa
Preciso de silêncio. Preciso de silêncio a
qualquer palavra, a qualquer sussurro, a qualquer gemido, a qualquer grunhido,
a qualquer grito, a qualquer alarido. Preciso de silêncio que não ameaça a paz,
que não seja incompreendido nem que traga a discórdia. Preciso de silêncio que
não seja interpretado como uma falar e o falar transformado em aleivosia.
Preciso de silêncio que não seja além da voz do vento, da brisa, do farfalhar
de folhagens, do murmurejar das águas. Um silêncio como um entardecer no monte,
como a poesia em campo de relva, como a nostalgia em noite estrelada, como uma
janela aberta para a lua entrar. Preciso de um silêncio que não seja ouvido,
que não seja pensado como palavra arrogante, como barbárie verbal, como
punhalada na voz. Preciso de silêncio que fale comigo, que também me ouça e que
também me sinta. Um silêncio de monge, de ermitão, de beneditino em antigo
mosteiro, de um errante em estrada sozinha. Um silêncio que pela minha boca
diga apenas: Cala-te e serás um sábio!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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