*Rangel Alves da Costa
Desde a
primeira eleição até o presente, por Poço Redondo já passaram nada menos que
doze prefeitos: Artur Moreira de Sá, Eliezer Joaquim de Santana, Durval
Rodrigues Rosa, Cândido Luís de Sá, Alcino Alves Costa, João Rodrigues
Sobrinho, Roberto Godoy, Ivan Rodrigues Rosa, Enoque Salvador de Melo, Maria
Iziane, Roberto Araújo e Júnior Chagas. Este último ainda em pouco mais da
metade do primeiro ano de mandato.
Logicamente
que alguns destes foram eleitos mais de uma vez para a gestão municipal, a
exemplo de Alcino que saiu vitorioso em três eleições e foi o político com mais
tempo de mandato. Enoque Salvador também foi eleito três vezes, porém renunciou
quase na metade do terceiro mandato. Durval Rodrigues foi eleito uma segunda
vez após ter sido forçado a renunciar em 1964.
Impossível
dizer quem trabalhou mais ou trabalhou menos, quem fez mais ou fez menos por
Poço Redondo. As paixões e os fanatismos políticos impedem que se faça qualquer
consideração a esse respeito. Afirmar que um foi o melhor gestor é o mesmo que
puxar briga com alguém ainda apaixonado por outro gestor. Igualmente se diga com
relação àquele ou aqueles que não conseguiram atender os anseios da população
e, por isso mesmo, passaram ser deixar muitas saudades.
Na
verdade, todos deixaram importantes históricos de realizações. Alguns prefeitos
ficaram reconhecidos como bons ou excelentes administradores, outros como
administradores para si mesmos e seus grupos políticos, e ainda outros como
excelentes gestores pessoais, vez que administraram com excelência seus
próprios interesses. Há de se considerar também que é muito mais fácil ser
prefeito de um município com menos problemas, como no passado, do que a partir de
anos mais recentes, quando houve um enorme crescimento populacional e as
demandas passaram a ser muito maiores.
Não há
prefeito, contudo, que consiga realizar ao menos um terço daquilo que é
prometido em eleição. E não realiza por dois motivos: pelo exagero nas
promessas e pela impossibilidade mesma de cumprir. Neste sentido, descabido até
que a legislação eleitoral exija dos candidatos um plano de governo. Ora, a
governabilidade de um município depende de seus recursos, dos meios financeiros
que são disponibilizados, e não do que foi colocado em papel antes mesmo da
eleição. O que adianta constar de um plano de governo aquilo que é impossível
ser realizado?
A verdade
é que prefeitos de um passado mais distante e que geriam o município
basicamente com o Fundo de Participação dos Municípios - FPM, nem por isso
deixavam de realizar grandes obras. Mas parece que tudo foi diminuindo a partir
do instante em que os recursos foram sendo maiores, pois provenientes de
diversas fontes, e até com destinações específicas, como ocorre com os recursos
próprios da saúde e da educação. Além disso, por muito tempo Poço Redondo
sequer parecia que recebia qualquer tipo de recurso, pois propagado pelos
próprios gestores como o mais pobre do mundo, o mais feio, o mais faminto, o
mais esquecido da sorte.
De
qualquer forma, a verdade é que, igualmente ao propalado período de trevas da
Idade Média, por muito tempo Poço Redondo permaneceu em estado de plena
letargia ou sonolência administrava. Contentou-se por muito tempo em mostrar o
município e a população como aqueles comendo palma, esfarrapados, numa miséria
sem fim. Sim, Poço Redondo sempre foi economicamente desfavorecido, mas não
naquela proporção descabida e alardeada por aquelas que deveriam negar os
fatos.
Durou,
pois, cerca de vinte anos a Idade Média de Poço Redondo. Para uma melhor ideia
disso, até 31 de dezembro de 2016, as grandes obras do município ainda continuavam
sendo aquelas de mais de vinte anos. Significa dizer que neste período pouco ou
quase nada foi feito que permanecesse como exemplos de administrações
comprometidas com o bem-estar, a qualidade de vida da população e o
desenvolvimento da cidade e das povoações.
Sobre o
administrador atual, ou sobre a gestão atual, toda e qualquer referência não
passará de mero exercício de precipitação. E nunca é bom especular quando o
gestor, ao menos até o presente momento, tem demonstrado que se elegeu não para
o continuísmo da inércia ou da omissão. Tem transformado aqui e ali. E seu
trabalho ganha ainda maior visibilidade exatamente por estar trazendo alguma
luz após aquele período de trevas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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