*Rangel Alves da Costa
Sou verdadeiramente apaixonado por café. E
bebo café desde as três da manhã quando acordo até já depois do entardecer. Na
noite não, não sei porque. Acordo quase na madrugada e a primeira coisa que
faço é cair debaixo do chuveiro, faça frio ou não. Depois o café certeiro,
forte, sem açúcar, porém em xícara pequena. Daí os meus afazeres do dia, sempre
começando assim. De meia em meia hora mais um cafezinho para, entre a fumaça do
cigarro e a busca da memória, ir dedilhando palavras. Gosto de café desde
muito. Um gosto que vem desde as terras sertanejas de onde vim. Lá, noutros
idos do tempo, era café batido em pilão, peneirado em quintal, preparado em
fogão de lenha, saindo da chaleira bem grosso, encorpado, perfumado, gostoso.
Lá já não se faz um café assim, mas o gosto não desapareceu em mim. Por isso
que trouxe pra cidade grande esse hábito de quase toda hora. Talvez o café me
desperte a palavra, ative a memória, faça funcionar melhor o pensamento. Não
sei. Apenas sei que já vou colocar água pra ferver, de pouca fervura, para
depois preparar mais um cafezinho. Como disse, bem forte, sem açúcar, em xícara
pequena.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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