*Rangel Alves da Costa
Os ratos estão aflitos. Os ratos estão
desesperados. Os ratos estão angustiados, aflitos, desesperançados. Os ratos
estão indignados com as ameaças à rataria. Os ratos estão sentindo
verdadeiramente ameaçados na sua sobrevivência em meio aos lixões, aos
monturos, às imundícies dos esgotos. Um verdadeiro desrespeito aos ratos. Um
acinte à vida dos ratos. Uma exposição a uma situação que, segundo os ratos,
não mereciam, pois vergonhosa e constrangedora demais. Mas o que aconteceu para
que os ratos de repente se mostrassem tão aflitos e até agonizantes. Ora, seus
esgotos agora estão imprestáveis. Seus esgotos agora estão totalmente tomados
por dejetos, imundícies e podridões, que nem os ratos suportam. Onde havia lama
fedida, agora somente a imagem nojenta e asquerosa de políticos, governantes e
poderosas autoridades. Onde havia lixo espalhado, descendo pelas tubulações,
agora somente inquéritos lamacentos, processos putrefatos, sentenças e penas.
Onde havia restos imprestáveis de tudo, agora somente acúmulos de corrupções,
fraudes, ilicitudes, improbidades. Onde havia o insuportável ao homem, agora
somente o homem tendo de ser suportado pelos ratos. Por isso mesmo que os ratos
de esgoto, ante a nova configuração de vida, estão indo embora para Brasília. E
vão na esperança que os ratos de lá escorram de vez pelos esgotos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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