*Rangel Alves da Costa
Briga de faca, em pleno salão de forró? Vixe
Maria! Mas assim aconteceu. E conto como me contaram. Salão de reboco cheio,
forró comendo no centro, um chinelado de não acabar mais, era festança de suar
até a sola do sapato. Mas eis que Chico Mocó acha de pedir uma voltinha de
dança com a mulata Joaninha, porém no exato momento que Tião começava a apertar
mais os quadris da forrozeira. Ao ouvir a desfeita de Chico, Tião nem pensou
duas vezes, arrastou uma peixeira da cintura, afastou a morena e riscou o chão
com a ponta afiada. “Venha, seu cabra safado, venha dar uma voltinha aqui na
ponta da faca!”. Tião pulou de banda e num instante já mostrava uma faca
carnicenta, afiada só a gota serena. A dança se desfez na hora, era gente
pulando e correndo pra todo canto. Zulmira desmaiou de pernas abertas, enquanto
Florinda teve o ataque mais estranho que já se viu: foi para o meio dos dois
armados e já em ponto de mútuo ataque, levantou a saia e disse que o primeiro
que baixasse a faca era dono daquela gostosura. Como era feia que só gambá de
rabo arribado, recebeu um empurrão de Tião que caiu descadeirada. Mas foi no
exato momento que o sanfoneiro gritou: olhe a barata! E não ficou ninguém no
salão. Ou melhor, ficou: Tião atrepado numa mesa e se tremendo feito vara verde
e Chico todo se mijando querendo subir nos braços do zabumbeiro.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário