SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 1 de julho de 2017

Palavra Solta – pegapacapá no forró


*Rangel Alves da Costa


Briga de faca, em pleno salão de forró? Vixe Maria! Mas assim aconteceu. E conto como me contaram. Salão de reboco cheio, forró comendo no centro, um chinelado de não acabar mais, era festança de suar até a sola do sapato. Mas eis que Chico Mocó acha de pedir uma voltinha de dança com a mulata Joaninha, porém no exato momento que Tião começava a apertar mais os quadris da forrozeira. Ao ouvir a desfeita de Chico, Tião nem pensou duas vezes, arrastou uma peixeira da cintura, afastou a morena e riscou o chão com a ponta afiada. “Venha, seu cabra safado, venha dar uma voltinha aqui na ponta da faca!”. Tião pulou de banda e num instante já mostrava uma faca carnicenta, afiada só a gota serena. A dança se desfez na hora, era gente pulando e correndo pra todo canto. Zulmira desmaiou de pernas abertas, enquanto Florinda teve o ataque mais estranho que já se viu: foi para o meio dos dois armados e já em ponto de mútuo ataque, levantou a saia e disse que o primeiro que baixasse a faca era dono daquela gostosura. Como era feia que só gambá de rabo arribado, recebeu um empurrão de Tião que caiu descadeirada. Mas foi no exato momento que o sanfoneiro gritou: olhe a barata! E não ficou ninguém no salão. Ou melhor, ficou: Tião atrepado numa mesa e se tremendo feito vara verde e Chico todo se mijando querendo subir nos braços do zabumbeiro.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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