*Rangel Alves da Costa
Ao meu amor... Assim começar um poema, assim
iniciar uma cartinha, assim introduzir palavras que traduzam todo o amor
sentido. Mesmo sabendo que as palavras sequer se aproximam do que é mostrado
pelo olhar, pelo sentimento e pelo coração.
Mas escrevo assim mesmo. E para mais uma vez
dizer:
Minha bela, minha namorada. E de repente um
livro aberto foi revelando o que jamais pensei ser escrito. E nas suas linhas o
que nos foi determinado na estrada de mãos dadas e no passo a dois: sigam!
Imaginei ser tão distante e tão difícil de
encontrar o horizonte chamado amor. Mas basta a presença, basta o olhar, basta
o sorriso, basta o desejo, basta a certeza de que ela está aqui: minha bela,
minha namorada.
Mesmo na distância, é na saudade que o amor
tem asas. Mesmo na tristeza, é na certeza do breve encontro que tudo se se
transforma em esperança. E é nas asas da saudade e da esperança que sempre
estou diante de minha bela, de minha namorada.
Em você pensar e em todo pensar avistar o que
os meus olhos já não conheciam. As belezas simples, as flores ocultas, os
aromas da brisa, as canções do vento, as poesias das borboletas e dos colibris:
a minha bela, a minha namorada.
Já não sou eu senão dividido, já não caminho
só senão a dois, já não tenho nada senão compartilhado, já não tenho o egoísmo
de me possuir senão a humildade de me dividir e minha outra parte a ela doar: à
minha bela, à minha namorada.
À minha bela, à minha namorada, presenteei
com concha de mar e dentro dela um segredo de vento dizendo assim: se as águas
chegam para apagar os passos na areia, então é preciso aprender a voar sobre a
areia. Eis o mistério de amar: aprender a voar.
Ó minha bela, ó minha namorada, que sempre
olhemos os lírios do campo. A grandeza está na simplicidade e não no brilho, a
riqueza está na humildade e não no deleite, a essência está apenas no que é. E
precisamos ser além de nós para sermos mais?
Em teu colo repouso, minha namorada. Sobre
tuas mãos me acolho, minha bela namorada. E em momentos assim, de simples
ternura e meiguice, novamente em menino me torno e para sonhar beijando uma
boca. E encontro a sua.
Minha bela, minha namorada. Como é bom
novamente encontrá-la e tê-la só minha. Como é bom encontrá-la para nos meus
braços deitar o seu corpo e sentir suas pétalas debruçadas sobre um jardim. E
ser abelha na sua colmeia. Tanto mel, todo mel, tudo meu e seu.
Agora, diante de mim, como se sobre minha
mente, meu olhar e meu coração, soprasse a mais doce inspiração: a minha bela,
a minha namorada. Ela chegou e entrou pela porta. Caminhou sobre mim e sentou
no meu colo, viajou sobre mim e bebeu na minha fonte, deitou sobre mim e saciou
sua fome.
Entre nuvens e panos, ela também adormece e
sonha. Mas ela levantou do seu sono, acordou do seu sonho, e ao abrir os olhos
e ao sorrir nos lábios, então me senti refletido pelo mesmo sol e pela mesma
lua, tudo nela: a minha bela, a minha namorada.
Já não sei a extensão do beijo, ou o
adocicado do mais doce sabor que possa
existir, pois bastando o toque no favo de mel para sentir o paraíso da boca e
do seu céu, no céu estrelado dela: a minha bela, a minha namorada.
E nos seus lábios leio poesia e carta de
amor, bilhete e recado apaixonado, um livro aberto onde cada palavra é tão
verdadeira como tudo nela: na minha bela, minha namorada.
E ainda junto aos seus lábios, como poeta
ávido de qualquer soneto, quase em silêncio canto: não quero além do viver ter
o prazer de estar ao lado dela, pela estrada, com ela, minha bela, minha
namorada.
Por que o passo é curto demais nessa vida.
Por que a estrada não se distancia demais nessa vida. Por que tudo simplesmente
um dia termina no próprio ser humano, é que temos de seguir adiante na
semeadura do que a nós mesmos prometemos: amor.
Amor, amar. E no amor a eternidade daquilo
que a vida nos chamar a viver sem medo: a felicidade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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