*Rangel Alves da Costa
Quem dera o cobertor quentinho, um abraço
apertado, um colo, um umbro, um travesseiro grande, uma xícara fumegante de
chocolate, outro corpo ao lado. Mas nada disso se tem. Apenas a solidão em
noite chuvosa e fria. Quem dera deitar ao lado dela e junto ao seu corpo fazer
cobertor, roçar a pele na pele e a tudo esquentar, sentir a sua presença como
um calor de noturno sol. Mas nada disso acontece, pois nada disso se tem.
Apenas a solidão em noite chuvosa e fria. Quem dera um bom e velho vinho, uma
dose de rum, um conhaque, um uísque. Quem dera janelas e portas fechadas, cama
de panos grossos, travesseiro macio e a leveza de uma música clássica. Mas nada
disso se tem. Apenas a solidão em noite chuvosa e fria. Quem dera que a chuva
parasse, que o frio diminuísse e o frio sumisse aos poucos. Quem dera que os
pingos não gotejassem no olhar, o frio não estremecesse a alma e a solidão
fosse embora por um motivo maior. Mas continua apenas a solidão em noite
chuvosa e fria. E então tira a roupa, abre os braços e se deixa lançar sobre o
tapete da sala. E as lágrimas petrificam na mais fria solidão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário