*Rangel Alves da Costa
É costume sertanejo que qualquer bicho de
cria ao nascer seja logo batizado, principalmente com relação ao gado. Assim,
ainda novinho o bezerro ganha um nome, que poderá ser modificado segundo as
modificações no seu pelo, nas suas pontas ou nos jeitos próprios. Quando
pintadas, as bezerrinhas ganham nomes como Pintadinha, Chamuscada, Florida e
assim por diante. Meu pai não só escolhia os nomes como colocava tudo em
caderno, como que registrando todo o seu rebanho. Quando surgia uma cria, logo
o vaqueiro perguntava que nome teria o bezerrinho ou a bezerrinha. E assim iam
surgindo nomes como Ponta da Serra, Chocolate, Dourada, Horizonte, Bem-me-quer,
Flor de Lírio, dentre tantos outros. Contudo, o gosto maior de meu pai era
colocar nomes de luas: Lua Nova, Lua Branca, Três Luas, Luar de Prata, Raio de
Lua, Lua Grande e assim por diante. Não recordo se existia bicho com nome de
sol, mas sempre de lua. Como o rebanho era grande, então era lua de todo jeito.
Mas depois, quando problemas foram surgindo e o gado sendo vendido, no curral e
nas pastagens somente as recordações de tantas luas de um dia. Uma lua
brilhando lá em cima, nas noites bem sertanejas, e nenhum mugido ou berro pelos
cercados. Rebanhos de luas que sumiram em meio às nuvens das saudades.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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