*Rangel Alves da Costa
Nada melhor do que noites sertanejas de
proseados. Depois da boca da noite, quando o tempo está mais refrescado e os
velhos sertanejos se ajuntam para os diálogos de todo dia, nada melhor e mais
proveitosa do que se achegar um tiquinho para ouvir tantas histórias, estórias,
causos, invencionices, mirabolâncias. Sim, eis que nestes proseados de calçadas
e pés de pau surge de tudo, desde a verdade juramentada até a mentira mais
deslavada, e até vinda de insuspeitáveis senhores. Talvez por prosa mesmo ou
brincadeira de passar tempo, mas a verdade é que surge cada uma ora de
gargalhar ora de arrepiar. A história do cabra que virava rato e depois saía
correndo pelos salões forrozeiros e querendo subir pelas saias das moças. O
causo do preá que expulsou uma família inteira de uma casa só porque um dos
moradores lhe chamou de rato. A estória da donzela que tanto chorar encheu um
mar. O causo do vaqueiro que foi caçar boi brabo e acabou o boi vindo em cima
do cavalo e o vaqueiro amarrado feito bicho. O proseado do caçador que se
esqueceu do pacote de fumo e voltou da mata todo quebrado depois de uma surra
da caipora. E se alguém perguntava se era verdade ou mentira, logo se ouvia:
foi vosmicê mermo que me contou!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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