SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 24 de junho de 2017

Palavra Solta – afeto sem preço


*Rangel Alves da Costa


Toda vez que a seca se espalha e se prolonga pelos sertões, então se observa o quanto o homem da terra possui apego, afeição e estima, verdadeiro e desmedido amor, ao que tem ou lhe resta como rebanho de cria. Já com mais de ano de estiagem, quando a pastagem já está esturricada e sem alimento algum para o boi, a vaca, o cavalo ou o jumentinho, e o sertanejo se vê perante a difícil situação de alimentá-los, então seu apego ao que tem se mostra em toda feição. Geralmente pobre, com poucos recursos de sobrevivência, ainda assim passa a comprar palma, capim, o que for necessário à mínima alimentação. Chega ao extremo de fazer feira numa semana e na seguinte nada comprar para alimentar a família, pois o pouco dinheiro daquela semana será revertido em comida para o bicho. E assim pelos sertões inteiros. Quando as secas se prolongam por anos, a soma dos gastos já terá sido muito maior que o valor das três vaquinhas magricelas restantes. Quer dizer, acaso venda o que lhe resta de rebanho, não cobrirá quase nada do muito que já gastou. Mas ainda assim sofre, padece, chora, lamenta, mas não vende sua vaquinha de jeito nenhum. E assim faz pelo amor, pelo afeto, pela estima que tem por aquilo que possui a feição de verdadeira família.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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