*Rangel Alves da Costa
Sim, por que parte da população finge ter
tanto ódio da Rede Globo de Televisão? Finge por que é esta mesma parte da
população que sempre prefere os programas televisivos daquela tão odiada.
Críticos que amam sua programação, raivosos que não perdem uma novela ou
minissérie. Amam entre paredes e odeiam perante o mundo. Inconsequências,
apenas.
Sim, qual o mal que a Globo faz para ser tão
criticada, tão acusada de partidarismos, tão propagada como manipuladora de
informações, tão achincalhada como se fosse o mal da política brasileira?
Achincalhes que partem daqueles que vivem diante da telinha torcendo para que a
emissora alimente seus fanatismos ou ideologias.
Ora, pelo que se sabe, não há imprensa isenta
de ideologia nem de linha editorial tão inocente que as escolhas sejam
proibidas, bem como não há órgão informativo que não possua interesses próprios
defendidos no contexto das próprias informações repassadas. E a Globo não é
diferente das demais emissoras, dos jornais impressos e dos sites
jornalísticos.
Também é de fácil observação que muitos são
os órgãos noticiosos que ainda persistem em defender governos abertamente, em
moldar imagens de políticos, em continuar com tendências de esquerda ou de
direita. Notícias que não interessam não são divulgadas. E somente a Globo não
pode ter uma linha editorial própria?
Sim, qual o mal que a Globo faz para ser
vista como a emissora que elege e protege governantes, que utiliza de seu
noticiário para desacreditar alguns e endeusar outros, para estar a serviço do
poder e do capitalismo? Chegam mesmo a dizer que nas entrevistas que faz com
candidatos, sempre escolhe as mais complicadas para serem respondidas por
aquele deseja ser derrotado. Mas isto não será um despreparo do candidato?
Criticar a Globo pelo mero senso de discordância
é exercício de partidarismo político, de ideologia partidária, de não aceitação
das informações repassadas. O que significa que quem pretende manipular a
informação é o crítico e não a emissora, vez que esta seria vista de outro modo
e até aplaudida acaso rezasse na cartilha esquerdista, por exemplo.
Sim, qual o mal que a Globo faz em ir a fundo
nas investigações e mostrar os calabouços das tantas e mais tantas corrupções
brasileiras, em citar nomes e provas, em apontar os indícios nas acusações?
Leviana seria se a emissora se prontificasse a fazer um jornalismo superficial,
apenas acusatório, sem mostrar as provas das informações repassadas.
A Globo, a bem da verdade, não está nem
abaixo nem acima de qualquer meio de comunicação e de informação. Contudo, é o
alcance de seu jornalismo que a torna tão poderosa e ao mesmo tempo tão
criticada. E crítica, repita-se, fruto dos descontentamentos de políticos,
governantes, partidários e fanatizados.
Neste sentido, a Globo seria como um árbitro
de futebol que é aplaudido por torcedores de uma equipe e achincalhado por
torcedores da outra equipe. Um lado diz que está agindo corretamente, enquanto
o outro diz que está agindo de má-fé, que está roubando, que está sendo
desleal.
Haverão de recordar que o petismo jogou as
cobras em cima da Globo quando a emissora passou a mostrar os porões lamacentos
dos seus governos e de seus líderes no partido. Diziam, então, que a emissora
estava a serviço da direita, que agia em nome de um ou de outro partido. E
depois que a mesma emissora passou a mostrar a mesma fedentina perante o atual
governo, qual a reação daqueles inconformados? Simplesmente aplaudir a
emissora.
É preciso saber que mesmo com a isenção tão
necessária ao jornalismo, os órgãos noticiosos são como seres humanos que
possuem tendências, gostos, aspirações. Ora, o jornalismo de cada órgão
noticioso é formado por uma concepção editorial que deve ser perseguida. E tal
fato já demonstra a precariedade na isenção tão desejada.
E a Globo não está imune a tal crítica, pois
em muitas situações faz um jornalismo apenas de superfície e em outras se
aprofunda de tal modo que logo se depreende um interesse maior. O problema está
em quem aproveite ou não tal aprofundamento dos fatos. Como dito, se a esquerda
gostar é porque a direita está sendo atacada, se os governantes gostarem é
porque o esquerdismo está sendo mais uma vez devassado.
O que diferencia a Globo das demais emissoras
são apenas alguns aspectos pontuais. O ciúme do poder jornalismo da emissora é
o primeiro deles. O segundo é a força da propagação e da penetração de sua
notícia. O terceiro é a vontade de moldar seu jornalismo segundo os interesses
de seu partido ou de seu governo. Se não conseguem, então só resta criticar.
Ademais, não se pode esquecer o alto nível e
a qualidade das produções da Globo, principalmente em novelas, seriados e
minisséries. Os prêmios internacionais recebidos comprovam a sua maestria no
que faz. Assim, sempre cabível uma visão da emissora pelo que produz e
transmite e não pelo que acham que deveria ser.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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