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quarta-feira, 14 de junho de 2017

QUAL O MAL QUE A GLOBO FAZ?


*Rangel Alves da Costa


Sim, por que parte da população finge ter tanto ódio da Rede Globo de Televisão? Finge por que é esta mesma parte da população que sempre prefere os programas televisivos daquela tão odiada. Críticos que amam sua programação, raivosos que não perdem uma novela ou minissérie. Amam entre paredes e odeiam perante o mundo. Inconsequências, apenas.
Sim, qual o mal que a Globo faz para ser tão criticada, tão acusada de partidarismos, tão propagada como manipuladora de informações, tão achincalhada como se fosse o mal da política brasileira? Achincalhes que partem daqueles que vivem diante da telinha torcendo para que a emissora alimente seus fanatismos ou ideologias.
Ora, pelo que se sabe, não há imprensa isenta de ideologia nem de linha editorial tão inocente que as escolhas sejam proibidas, bem como não há órgão informativo que não possua interesses próprios defendidos no contexto das próprias informações repassadas. E a Globo não é diferente das demais emissoras, dos jornais impressos e dos sites jornalísticos.
Também é de fácil observação que muitos são os órgãos noticiosos que ainda persistem em defender governos abertamente, em moldar imagens de políticos, em continuar com tendências de esquerda ou de direita. Notícias que não interessam não são divulgadas. E somente a Globo não pode ter uma linha editorial própria?
Sim, qual o mal que a Globo faz para ser vista como a emissora que elege e protege governantes, que utiliza de seu noticiário para desacreditar alguns e endeusar outros, para estar a serviço do poder e do capitalismo? Chegam mesmo a dizer que nas entrevistas que faz com candidatos, sempre escolhe as mais complicadas para serem respondidas por aquele deseja ser derrotado. Mas isto não será um despreparo do candidato?
Criticar a Globo pelo mero senso de discordância é exercício de partidarismo político, de ideologia partidária, de não aceitação das informações repassadas. O que significa que quem pretende manipular a informação é o crítico e não a emissora, vez que esta seria vista de outro modo e até aplaudida acaso rezasse na cartilha esquerdista, por exemplo.
Sim, qual o mal que a Globo faz em ir a fundo nas investigações e mostrar os calabouços das tantas e mais tantas corrupções brasileiras, em citar nomes e provas, em apontar os indícios nas acusações? Leviana seria se a emissora se prontificasse a fazer um jornalismo superficial, apenas acusatório, sem mostrar as provas das informações repassadas.
A Globo, a bem da verdade, não está nem abaixo nem acima de qualquer meio de comunicação e de informação. Contudo, é o alcance de seu jornalismo que a torna tão poderosa e ao mesmo tempo tão criticada. E crítica, repita-se, fruto dos descontentamentos de políticos, governantes, partidários e fanatizados.
Neste sentido, a Globo seria como um árbitro de futebol que é aplaudido por torcedores de uma equipe e achincalhado por torcedores da outra equipe. Um lado diz que está agindo corretamente, enquanto o outro diz que está agindo de má-fé, que está roubando, que está sendo desleal.
Haverão de recordar que o petismo jogou as cobras em cima da Globo quando a emissora passou a mostrar os porões lamacentos dos seus governos e de seus líderes no partido. Diziam, então, que a emissora estava a serviço da direita, que agia em nome de um ou de outro partido. E depois que a mesma emissora passou a mostrar a mesma fedentina perante o atual governo, qual a reação daqueles inconformados? Simplesmente aplaudir a emissora.
É preciso saber que mesmo com a isenção tão necessária ao jornalismo, os órgãos noticiosos são como seres humanos que possuem tendências, gostos, aspirações. Ora, o jornalismo de cada órgão noticioso é formado por uma concepção editorial que deve ser perseguida. E tal fato já demonstra a precariedade na isenção tão desejada.
E a Globo não está imune a tal crítica, pois em muitas situações faz um jornalismo apenas de superfície e em outras se aprofunda de tal modo que logo se depreende um interesse maior. O problema está em quem aproveite ou não tal aprofundamento dos fatos. Como dito, se a esquerda gostar é porque a direita está sendo atacada, se os governantes gostarem é porque o esquerdismo está sendo mais uma vez devassado.
O que diferencia a Globo das demais emissoras são apenas alguns aspectos pontuais. O ciúme do poder jornalismo da emissora é o primeiro deles. O segundo é a força da propagação e da penetração de sua notícia. O terceiro é a vontade de moldar seu jornalismo segundo os interesses de seu partido ou de seu governo. Se não conseguem, então só resta criticar.
Ademais, não se pode esquecer o alto nível e a qualidade das produções da Globo, principalmente em novelas, seriados e minisséries. Os prêmios internacionais recebidos comprovam a sua maestria no que faz. Assim, sempre cabível uma visão da emissora pelo que produz e transmite e não pelo que acham que deveria ser.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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