*Rangel Alves da Costa
CHEGO JÁ, POÇO REDONDO. CHEGO JÁ! - Já passei
tempo demais longe do meu lugar. Um fim de semana sem Poço Redondo parece uma
eternidade. Meus pés sertanejos desandam com raiva de mim e só querem seguir
logo pela estrada. Já preparei meu aió, meu embornal, minha cabaça de água.
Dessa vez não levo farinha seca e rapadura, mas uma vontade danada de pisar no
mesmo chão que um dia meu pai tanto andou de havaiana nos pés. De caminhar pela
mesma estrada que um dia meu tio Zé cortou ao alvorecer e ao entardecer. De sentir
a mesma terra tão amada por meu avô Ermerindo quando ia pra Santa Rita.
Abençoado é o meu sertão. Sertão de Alcimar, de Marcinho de Zé de Lídia, de
Jaminho. Sertão de Toinho de Cordélia, de Missiinha, de Manoel, Delino, de Zé
de Iaiá, de Angelino, de Zé Preto, de Abdenago, do meu avô China, de Zé de
Julião ou Cajazeira. Sertão de Maninho, de Florêncio, de Seu Wilson, de Zé
Maria de Dona Dá, de Lourenço, de Mané Dandacho, de Tonho Firmino, de Didi
Barbatinho, de Leto e Zé Delino, de Juvenal, de João de Euclides, de Timbé, de
Tonho Nicácio. Sertão de Seu Durval, de Seu Candinho, de João Pingo D´água, de
Mané Azedinho, de Joãozinho de Neusa, de Luís Doce, de Mané e João Lameu, de
Odom, de João de Terto, e João Paulo do Alto. Saudades eu tenho de Pai Né, de
Chico de Celina, de Abdias e de Liberato. Mané Cante não é mais rei e senhor da
Rua dos Vaqueiros, Tião de Sinhá foi embora num cavalo alazão. Tenho um livro
com todos esses nomes guardados e muito mais. Se aqui não cito todos é porque a
página já se molhou de saudade. De tanta e toda saudade. Pois é neste sertão
que novamente caminharei e com o maior orgulho do mundo de ser tão antigo como
os que já partiram e tão moço como os que sequer reconhecem a grandeza da terra
que têm. E também como o menino que come do barro da parede. E acha bom.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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