*Rangel Alves da Costa
Não sei se está frio ou está quente. Não sei
se sinto frio ou calor. Não sei se tenho vontade de chorar ou de sorrir. Não
sei se estou solidão ou multidão. Nada sei. Triste é saber e nada poder evitar.
Também tanto faz saber. A pedra me ensinou muita coisa. Segundo ela, é preciso
petrificar para não se espantar tanto com a vida. É preciso enrijecer para não
ser levado ao longe, e espatifado nos muros da vida, igual a uma folha qualquer
de outono. É preciso ser ferro e diamante para que não imaginem que é apenas pó
para ser num instante soprado e pelos caminhos apenas restarem as réstias. Não
há ilusões nesse mundo, não há ilusões nessa vida. Quem tem flores com espinhos
certamente ficará com as flores, sem compartilhar ao menos uma rosa. Quem tem
auroras e sopros perfumados de brisa certamente ofertará ao outro o calor de
mais tarde. Quem tem duas mãos para estender certamente estenderá apenas uma, e
para logo esta ser recolhida. Não há que se iludir com demasiadas bondades nem
com afagos exagerados. Ora, o homem é o lobo do homem e assim o será para a
eternidade. Quem não aprendeu no sofrimento jamais haverá de aprender em
qualquer outra situação. Somente na dor se aprende a ser forte suficiente para
não se deixar levar por canções sem voz. Somente após padecer - e no dia
seguinte ainda amanhecer – é que o homem poderá dizer que o seu pó novamente
petrificou. Ainda que depois seja novamente feito pó pelas ventanias que sempre
chegam.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário