*Rangel Alves da Costa
Sempre fui do entendimento que o conhecimento
popular possui igual valor aos demais tipos de conhecimentos, principalmente o
científico. Não se esquecendo do fato que a Ciência, mesmo com seus títulos e
honrarias, pode ser refutada e jogada ao esgoto em qualquer instante, desde que
um novo conhecimento surja que lhe tire a validade de primado irrefutável. E o
mesmo não ocorre com o conhecimento autenticamente popular, aquele passado de
geração a geração, enraizado desde os primeiros tempos e repassado ao longo do
tempo. Daí que eu prezo muito mais um bom proseado entre matutos, entre homens
do campo, entre sertanejos catingueiros, a qualquer conclave, reunião,
discussão acadêmica, debate aflorado nos honoris causa. Ora, Existe uma
filosofia insuportável, pedante, incompreensível, que tudo diz e nada diz,
chegando a conclusão nenhuma, e aquela que chega aos ouvidos como verdadeiro
livro aberto. Vamos aos exemplos. A ciência meteorológica diz que vai chover
tal dia e tal hora em determinado lugar. E se não chove, logo vem a desculpa
que uma frente fria ou uma precipitação qualquer desviou a nuvem noutra
direção. Mas com o homem do mato é diferente. Quando ele olha para a barra do
horizonte logo vem a sentença de chuva ou não. E não há quem prove o contrário.
E então vai a medicina cobrando milhões para o mesmo serviço que as mãos de uma
boa e velha parteira faz por amor ao ofício. E vem a psicologia dizendo que a
vida é assim ou assada, enquanto o pai de família responsável chama seu filho
num canto e lhe dá toda a psicologia da vida. Enquanto o médico passa uma
receita com tarja preta, caríssima e dificílima de ser despachada, a senhorinha
vai lá ao quintal e traz na mão a farmácia pronta e a cura perfeita. Ou o velho
alquebrado chega ao pé do balcão e pede o remédio da hora. E acabou-se o
reumatismo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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