Rangel Alves da Costa*
Protestos,
como o próprio termo indica, são manifestações públicas para mostrar algum tipo
de descontentamento da população. Creio não ser nem necessário perguntar, por
enquanto, o que vem ocorrendo no país para que o povo venha se mostrando tão
descontente, tão, indignado, tão insatisfeito. E, portanto, saia às ruas para
protestar.
Protestos
são vozes, são brados, são demonstrações de que a sociedade enfim levantou do
falso berço esplêndido que a nação parecia eternamente deitada. Através de
passeatas, carreatas, comícios, agrupamentos, gestos, palavras e gritos, a
população procura mandar um claro recado aos encastelados no poder e a todos
que tanto mal vêm causando à nação.
Como
popularmente se diz, é a corda arrebentando por não mais suportar o nó apertado
demais, é o rompimento de um silêncio que martiriza a vida. É, principalmente,
uma forma de dizer basta à mediocridade governamental e aos fatos
desmoralizantes que tanto assolam o país. Quando ninguém suporta mais a dor, então
se vai à busca de remédio, quando não suporta mais o descalabro
institucionalizado, então se vai à luta para destronar a algoz tirania.
A verdade
é que a população brasileira já chegou ao limite da tolerância, já perdeu toda
a paciência. Enquanto lá em cima roubam, corrompem, aviltam, é na parte de
baixo que o custo de tudo é jogado. Ninguém consegue mais todos os dias ter de
engolir sapos, monstros, lamaçais indigestos. Não há mais um só dia que a
impressa não noticie um fato novo muito pior que o do dia anterior.
Ninguém suporta mais padecer, sofrer, ser
vitimado pelo caos em que se transformou (ou foi transformado) o país e ainda
ter de ouvir discursos e lenga-lengas de pacto para a governabilidade, de ajuda
da população para a resolução dos problemas, de união para a retomada do
crescimento. Ora, como a sociedade pode dar outras cotas de sacrifícios se o
próprio governo e os políticos não fazem a sua parte?
A crise
ganhou tamanha proporção e continuidade que ninguém mais acredita que este
governo possa resolver qualquer coisa. É um governo que apenas luta para se
manter, para contestar acusações, para fazer os acordos mais vergonhosos para
continuar sobrevivendo. E as crises se agravando, novas provas de corrupção e falcatruas
surgindo, e tudo continuando no mesmo.
Só mesmo
os petistas apaixonados, tomados de incurável cegueira moral e política, para
não sentir a lastimável crise governamental e institucional que prolifera no
país. Com o ensaiado mote da perseguição, só faltam dizer que é o povo, e não a
governante petista e o próprio PT, o responsável pelo indigno arremesso do
Brasil ao fundo do poço.
Em
determinadas situações, principalmente quando os acontecimentos se repetem até
chegar aos limites do suportável, aborrecimentos e reclamações não resolvem
absolutamente nada. Deve haver ação, reação. É como se a sociedade passasse a
agir em defesa de sua honra, de sua dignidade, de sua vida. E também defendendo
a nação contra a petralha - da cascavel à jararaca - que pactuou para, através
da corrupção, afundar o país.
Em casos
tais, ou se toma atitude ou o conformismo e a passividade alimentarão ainda
mais o poder destrutivo do encastelado poder. Somente através do combate, da
resposta à gravidade da situação, é que se torna possível o reconhecimento da
não aceitação e o surgimento de uma força verdadeiramente opositora ao status quo.
Talvez não
redunde em vitória imediata, em destronamento da desprezível governanta, no
prazer em vê-la rolando da rampa do planalto abaixo, mas ainda assim já terá
despertado outra realidade. As transformações nascem assim, de atitudes de não
aceitação, de contestação, de resposta aos abusos, de coragem para enfrentar e
combater. E com o peito cheio de orgulho em ser brasileiro gritar: Fora Dilma,
fora cascavel, fora jararaca!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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