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segunda-feira, 7 de março de 2016

Palavra Solta - aqueles livros de bolso do velho oeste


Rangel Alves da Costa*


Recordo-me muito bem daqueles livrinhos de bolso contando sagas do velho oeste, com tramas que envolviam o faroeste norte-americano e mexicano, principalmente na região fronteiriça entre os dois países. El Paso, Laredo, Arizona, Montana, Sinaloa, Durango, Albuquerque, Santa e tantos outros lugares de tabernas, ruas empoeiradas, saloons, estrebarias, prostíbulos, valentões, mocinhas, xerifes e muita bala, muita emboscada e muito tiro. O maior escritor destes livretos foi, sem dúvida, Marcial Lafuente Estefanía, com títulos como O colt era a lei, Terra lavada a sangue, Pistoleiro sob contrato, Justiça a qualquer preço, Um túmulo foi o prêmio, Colt 45, Vingança de sangue, etc. Tais livros de bolso do velho oeste eram lidos na mesma voracidade do tropel chegando em disparada e aqueles cavalheiros adentrando a taberna de armas em punho. Primeiro vasculhava-se o ambiente, a presença de inimigos, e somente depois mandavam descer uma garrafa de uísque. Copos cheios, talagadas grandes e olhares de sangue passeando pelos arredores. Eram muitos homens para um xerife só, por isso mesmo um mundo sem lei e sem ordem. E de vez em quando um cavalo voltando com um corpo ensanguentado por cima, o velho trem chegando todo saqueado, o carregamento interceptado pelos malfeitores das estradas. Raparigas acolhendo aos seios o suor e a barbárie e um duelo marcado ao pôr do sol. E mais tarde um zunido de bala e um corpo estirado no chão. Assim aquela vida de faroeste, de bang-bang, de destemidos e salteadores, que chegavam às bancas semanalmente. Ainda hoje são encontrados em sebos, mas sem a avidez na leitura de outros tempos.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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