Rangel Alves da Costa*
Recordo-me muito bem daqueles livrinhos de
bolso contando sagas do velho oeste, com tramas que envolviam o faroeste
norte-americano e mexicano, principalmente na região fronteiriça entre os dois
países. El Paso, Laredo, Arizona, Montana, Sinaloa, Durango, Albuquerque, Santa
e tantos outros lugares de tabernas, ruas empoeiradas, saloons, estrebarias,
prostíbulos, valentões, mocinhas, xerifes e muita bala, muita emboscada e muito
tiro. O maior escritor destes livretos foi, sem dúvida, Marcial Lafuente
Estefanía, com títulos como O colt era a lei, Terra lavada a sangue, Pistoleiro
sob contrato, Justiça a qualquer preço, Um túmulo foi o prêmio, Colt 45,
Vingança de sangue, etc. Tais livros de bolso do velho oeste eram lidos na
mesma voracidade do tropel chegando em disparada e aqueles cavalheiros
adentrando a taberna de armas em punho. Primeiro vasculhava-se o ambiente, a
presença de inimigos, e somente depois mandavam descer uma garrafa de uísque.
Copos cheios, talagadas grandes e olhares de sangue passeando pelos arredores.
Eram muitos homens para um xerife só, por isso mesmo um mundo sem lei e sem
ordem. E de vez em quando um cavalo voltando com um corpo ensanguentado por cima,
o velho trem chegando todo saqueado, o carregamento interceptado pelos
malfeitores das estradas. Raparigas acolhendo aos seios o suor e a barbárie e
um duelo marcado ao pôr do sol. E mais tarde um zunido de bala e um corpo
estirado no chão. Assim aquela vida de faroeste, de bang-bang, de destemidos e
salteadores, que chegavam às bancas semanalmente. Ainda hoje são encontrados em
sebos, mas sem a avidez na leitura de outros tempos.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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