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quinta-feira, 31 de março de 2016

Palavra Solta - em tempos difíceis, o velho Totonho ensina...


Rangel Alves da Costa*


Não há crise que faça o velho Totonho desanimar. Seja na sua cozinha, no Brasil ou no mundo, para ele tudo se resolve na calma, na paciência. Talvez seja por isso mesmo que já está com oitenta e parece ter cinquenta anos. Não vive com cara feia, emburrado, preocupado ou com jeito de quem comeu e não gostou. Incomoda muita gente que acha que zomba de tudo, mas é apenas o seu jeito de ser. Nos tempos difíceis de agora, quando parece que uma cabeça de burro foi enterrada lá por Brasília, nada melhor que seguir as lições do velho. Tudo muito simples, como é o jeito de ser do homem, mas dá resultado. Segundo o velho, quem elege e reelege não pode reclamar de mau governo. Também não adianta choramingar se na próxima eleição vai fazer besteira novamente. Se um ladrão chegar com doistões compra o voto de todo mundo. E quem vendeu não pode reclamar depois. A verdade é que tanto o político como o eleitor é farinha estragada do mesmo saco, feijão com o mesmo gorgulho, é carniça na boca do mesmo urubu. Por isso que não pode reclamar do outro não. De resto, é não votar ou votar em branco. Sem culpa no cartório da politicagem, enfim poderá reclamar do que quiser. Mas é melhor que não. Melhor mesmo é cuidar da vida, pagar o que deve, comer o que tem, vestir o que pode, ser amigo de todo mundo e ainda encontrar tempo para viver. Conversar sozinho, se balançar num cadeira de calçada, colher fruta no pé e dormir a sono solto até com a cabeça em cima de pedra. Conseguir dormir assim já é comprovação de que não há travesseiro macio que adormeça uma cabeça cheia de problemas. Por que problemas, se a vida foi feita apenas para ser vivida no melhor que ela possa oferecer?


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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