Rangel Alves da Costa*
Não há
crise que faça o velho Totonho desanimar. Seja na sua cozinha, no Brasil ou no
mundo, para ele tudo se resolve na calma, na paciência. Talvez seja por isso
mesmo que já está com oitenta e parece ter cinquenta anos. Não vive com cara
feia, emburrado, preocupado ou com jeito de quem comeu e não gostou. Incomoda
muita gente que acha que zomba de tudo, mas é apenas o seu jeito de ser. Nos
tempos difíceis de agora, quando parece que uma cabeça de burro foi enterrada
lá por Brasília, nada melhor que seguir as lições do velho. Tudo muito simples,
como é o jeito de ser do homem, mas dá resultado. Segundo o velho, quem elege e
reelege não pode reclamar de mau governo. Também não adianta choramingar se na
próxima eleição vai fazer besteira novamente. Se um ladrão chegar com doistões
compra o voto de todo mundo. E quem vendeu não pode reclamar depois. A verdade
é que tanto o político como o eleitor é farinha estragada do mesmo saco, feijão
com o mesmo gorgulho, é carniça na boca do mesmo urubu. Por isso que não pode
reclamar do outro não. De resto, é não votar ou votar em branco. Sem culpa no
cartório da politicagem, enfim poderá reclamar do que quiser. Mas é melhor que
não. Melhor mesmo é cuidar da vida, pagar o que deve, comer o que tem, vestir o
que pode, ser amigo de todo mundo e ainda encontrar tempo para viver. Conversar
sozinho, se balançar num cadeira de calçada, colher fruta no pé e dormir a sono
solto até com a cabeça em cima de pedra. Conseguir dormir assim já é
comprovação de que não há travesseiro macio que adormeça uma cabeça cheia de
problemas. Por que problemas, se a vida foi feita apenas para ser vivida no
melhor que ela possa oferecer?
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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