Rangel Alves da Costa*
Como diz a letra da música caipira, de que me
adianta viver na cidade se a felicidade não me acompanhar, adeus paulistinha do
meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar. E um retorno que se justifica
plenamente, pois não há vida nem viver melhores que a da roça. Viver na roça é
estar na plenitude da natureza, é conviver com o singelo e afetuoso, é sentir a
canção da brisa cheirando a folha, é partilhar das belezas do sol e da lua, do
amanhecer e do anoitecer. De lado a outro apenas a estrada de chão batido, a
vereda espinhenta, o pé de pau, a moradia do xiquexique, do mandacaru, do
velame e da catingueira. Mas também da baraúna, do angico e da umburana. O
bicho que pasta adiante, o cavalo que relincha, a galinha ciscando, o cachorro
perdigueiro correndo atrás de preá afoito. Uma rede na varanda, debaixo do
alpendre e o cheiro bom do cuscuz ralado, do café torrado, do toucinho por cima
do fogão de lenha. O queijo fresquinho, o doce de leite, a coalhada e a
umbuzada, a panelada de galinha de capoeira e a cachaça com casca de pau para
abrir o apetite. Um compadre que passa, um berrante ao longe, uma vida chamando
a viver. E aquele tempo manso, preguiçoso, de horas lentas e murmurantes. O
entardecer que vai chegando para a boca da noite se abrir e aquela cor dourando
a sertão se espalhar na feição do luar mais lindo do mundo. Um sertão que é
dádiva divina, um viver na roça que é a verdadeira paz tão almejada por todos.
Poeta e cronista
Blograngel-sertao.blogspot.com
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