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terça-feira, 8 de março de 2016

Palavra Solta - um dia de nada


Rangel Alves da Costa*


Há dia de tudo e também de nada. Dias existem que mesmo o acréscimo de horas extras ainda assim não daria para dar conta do que se necessita fazer, viver, providenciar. Por mais que a pessoa corra, apresse seus afazeres, mesmo assim se verá sufocado por falta de tempo. Mas outros dias são muitos diferentes. São dias brancos, inexistentes, que podem ser retirados do calendário sem fazer falta. Contudo, nada mais cansativo e doloroso que um dia de nada. Sendo de nada, é de nada mesmo, pois improdutivo, pesaroso, entediante. Há muito a fazer, mas nada se faz. Há muito a viver, mas nenhum prazer na busca da vida. Há muito a planejar, porém nada surge que seja proveitoso. É dia sonolento e sonâmbulo, preguiçoso e apático, enjoativo e demorado. Nada de bom acontece, as notícias boas não surgem, as expectativas não são cumpridas, as esperanças acabam não acontecendo. É como se chovesse dentro do quarto, como se a rua fosse um deserto, como se o dia fosse de noite fechada. E o pior é que a pessoa sai tanto de si que de repente sequer sabe por que está chorando ou já na quarta dose de uísque. Às vezes morre e não sabe se existiu. O pior é que são muitos dias assim.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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