Rangel Alves da Costa*
Há dia de tudo e também de nada. Dias existem
que mesmo o acréscimo de horas extras ainda assim não daria para dar conta do
que se necessita fazer, viver, providenciar. Por mais que a pessoa corra,
apresse seus afazeres, mesmo assim se verá sufocado por falta de tempo. Mas
outros dias são muitos diferentes. São dias brancos, inexistentes, que podem
ser retirados do calendário sem fazer falta. Contudo, nada mais cansativo e
doloroso que um dia de nada. Sendo de nada, é de nada mesmo, pois improdutivo,
pesaroso, entediante. Há muito a fazer, mas nada se faz. Há muito a viver, mas
nenhum prazer na busca da vida. Há muito a planejar, porém nada surge que seja
proveitoso. É dia sonolento e sonâmbulo, preguiçoso e apático, enjoativo e
demorado. Nada de bom acontece, as notícias boas não surgem, as expectativas
não são cumpridas, as esperanças acabam não acontecendo. É como se chovesse
dentro do quarto, como se a rua fosse um deserto, como se o dia fosse de noite
fechada. E o pior é que a pessoa sai tanto de si que de repente sequer sabe por
que está chorando ou já na quarta dose de uísque. Às vezes morre e não sabe se
existiu. O pior é que são muitos dias assim.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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