Rangel Alves da Costa*
A sovinice
é algo realmente espantoso. Dificilmente a riqueza se conjuga também pela
benevolência, pelo humanitarismo, pela fraternidade e pelo compartilhamento.
Quem tem muito, parece que sempre quer ter mais. E na ânsia de ter, de somar,
de ser cada vez mais rico, acaba até mesmo vivendo na miserabilidade. E assim
porque acha que comprar qualquer coisa irá desfalcar seu patrimônio e deixá-lo
mais empobrecido. Conheço pessoas que vivem como mendigos, como empobrecidas,
de roupa rasgada e barriga vazia, mas com patrimônios milionários. Não são poucos
aqueles endinheirados que enfrentam filas quilométricas para comer bandejão
público a um real. De vez em quando avisto o dono de uma rede de armarinhos,
ele próprio, sem ajuda de ninguém (certamente para não pagar mão de obra),
tapando buracos nas calçadas com cimento. E é também esse que possui um imenso
estacionamento pago por hora e de repente é avistado vendendo bala e pirulito à
entrada do estabelecimento. Quer dizer, possui rede de armarinhos,
estacionamento, vultosa conta bancária, mas certamente sequer come bem. E
também não dorme bem, pensando somente em dinheiro. E quantos e mais tantos
milionários que se negam a ajudar uma família carente, que nunca fornece uma
cesta de alimento, que faz de conta que a pobreza não existe. E ainda por cima
explora o trabalhador até a última gota de suor. Há muita gente assim,
infelizmente. Vive num céu comprado, dourado, sem sequer imaginar que ao morrer
terá o mesmo destino do pobre. E também não sabe que sua prestação de contas
lhe será tão cara que não haverá dinheiro que possa comprar a salvação. E
sucumbirá eternamente em sofrimento.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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