SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 29 de março de 2016

Palavra Solta - diário da pátria desiludida


Rangel Alves da Costa*


Acaso o Brasil fosse um jornal, sua manchete poderia ser uma para toda a vida: O País afunda! E quando uma pátria submerge, mais triste ainda será imaginar acerca do destino daqueles que já viviam à beira do precipício, na altura escorregadia do penhasco. Mas na manchete a verdade absoluta. Por mais que os esforços conduzam a pensamentos positivos, às tentativas de dar esperanças ao que não mais resiste, não há que se reconhecer senão a crise profunda, o colapso total, a derrocada fatal. Ora, o que colher na pátria cujo plantio vendo sendo unicamente de erva daninha, de lamaçal, de corrupção, de ladroice? Não há colheita futura num solo corrompido, num terra infértil pela ambição, num chão contaminado pela rapinagem. Quanto mais o tempo passa mais surge notícias ruins, tristes, desesperançadas. A qualidade de vida aviltada, a inflação galopante, os juros desenfreados, o pão sumindo da mesa, o remédio inexistente, a falta de tudo. E quando até os ricos reclamam da falta de brioches, então é porque a revolução flameja e a guilhotina está sendo afiada para cortar cabeças. Que seja golpe, revolução ou impeachment, seja lá o que for ou como se denomine, mas alguma deve ser feita. Quem for culpado que seja colocado diante da guilhotina, mas uma pátria inteira não pode continuar refém de apenas alguns. Talvez amanhã a manchete do jornal Brasil traga, enfim, uma notícia nova: Já é possível avistar o sol através da janela!


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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