Rangel Alves da Costa*
Acaso o
Brasil fosse um jornal, sua manchete poderia ser uma para toda a vida: O País
afunda! E quando uma pátria submerge, mais triste ainda será imaginar acerca do
destino daqueles que já viviam à beira do precipício, na altura escorregadia do
penhasco. Mas na manchete a verdade absoluta. Por mais que os esforços conduzam
a pensamentos positivos, às tentativas de dar esperanças ao que não mais
resiste, não há que se reconhecer senão a crise profunda, o colapso total, a
derrocada fatal. Ora, o que colher na pátria cujo plantio vendo sendo
unicamente de erva daninha, de lamaçal, de corrupção, de ladroice? Não há
colheita futura num solo corrompido, num terra infértil pela ambição, num chão
contaminado pela rapinagem. Quanto mais o tempo passa mais surge notícias
ruins, tristes, desesperançadas. A qualidade de vida aviltada, a inflação
galopante, os juros desenfreados, o pão sumindo da mesa, o remédio inexistente,
a falta de tudo. E quando até os ricos reclamam da falta de brioches, então é
porque a revolução flameja e a guilhotina está sendo afiada para cortar
cabeças. Que seja golpe, revolução ou impeachment, seja lá o que for ou como se
denomine, mas alguma deve ser feita. Quem for culpado que seja colocado diante
da guilhotina, mas uma pátria inteira não pode continuar refém de apenas
alguns. Talvez amanhã a manchete do jornal Brasil traga, enfim, uma notícia
nova: Já é possível avistar o sol através da janela!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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