Rangel Alves da
Costa*
Somente
agora Lula revela que é uma serpente, uma jararaca afoita, furiosa, com veneno
nas presas e estas prontas para atacar.
Somente
agora revela que não adianta atacar a serpente que há em si se não for logo
estraçalhando a cabeça da cobra, acabando com tudo de vez.
Somente
agora o ex-presidente revela que coitado daquele que inadvertida ou erroneamente
pise no seu rabo de cobra jararaca. Receberá como troco um bote certeiro.
Mas tudo isso
que somente agora Lula jararaca revela eu já sabia, e desde que assumiu pela
primeira vez a presidência da República, e mesmo antes disso.
Quando
todo mundo imaginava que Lula era persistente como formiga, idealista como um
joão-de-barro, tenaz como um perdigueiro, eu já sabia ser ele outro animal. E
peçonhento.
Assim, não
um animal qualquer, mas uma serpente, uma cobra, uma víbora, uma peçonhenta, um
réptil frio e escamoso, um ofídio com agulhas venenosas nas presas.
Agora ele
se confessa jararaca, mas bem poderia ter se revelado como cascavel, como
píton, como mamba-negra, como taipan, como cobra coral. Sempre ferina e mortal.
Mas não
por acaso se revelou jararaca. Quem avistá-lo certamente estará na presença de
uma velha jararacuçu com seus caninos bifurcados e um faro cheio de espertezas.
Enquanto
muitos agora se espantam pela revelação e até um religioso pregou na basílica a
expurgação da serpente do meio dos homens de bem, eu já conhecia o seu veneno.
Mas a
culpa foi minha. Minha mãe sempre aconselhava para tomar muito cuidado enquanto
andasse pelos caminhos perigosos e espinhentos de um lugar chamado Brasil.
Segundo
ela, o lugar era conhecido por ter muitos labirintos, feras à espreita e
animais sedentos de vítimas por todo lugar, mas principalmente serpentes muito
venenosas.
Teimoso
que só uma mula, eu acabei dando pouco valor aos bons conselhos e me atrevi
pelos perigosos caminhos. E lembro como hoje como ocorreu o primeiro bote.
O ano era
2003. O Lula que eu já pressentia ser jararaca foi escolhido pelo povo como
verdadeiro animal de estimação, recebendo dengos e milhões de votos.
Enquanto o
povo imaginava que a bondosa jararaca não ia adquirir os mesmos hábitos que
outros animais perigosos que viviam a seu lado, eu já pensava muito diferente.
Eu pensava
diferente porque tinha a certeza que quem ia morder as outras feras era a
bondosa jararaca. Uma vez envenenados, se tornariam completamente manipulados.
Foi a
partir daí que o veneno da jararaca começou a surtir efeito naqueles que
passaram a servir aos propósitos das espertezas pelos labirintos palacianos e
partidários.
Quando, em
2006, o Lula serpente e senhor de toda selva foi novamente escolhido, então tudo
já estava dominado e espalhado numa verdadeira rede de falcatruas e
roubalheiras.
Mas até
aí, mesmo com medo crescente de receber um bote enquanto andava desprevenido,
somente quando a jararaca entregou seu reinado é que fui mordido no calcanhar.
E que dor
terrível, lancinante, quase mortal. Mas a esperteza da jararaca foi tão grande
que passou o primeiro mandato de sua sucessora e só fui sentir depois a
extensão da picada.
Quando a
sucessora da jararaca assumiu o segundo mandato, então é que o veneno começou a
fazer seu terrível efeito. E sem encontrar remédio ou soro que aliviasse a
aflição.
Somente
depois é que fui percebendo que milhões de pessoas, talvez o país inteiro,
também tinham sido envenenadas pela jararaca. E todos agonizando descrentes de
tudo.
Colocam a
culpa na sucessora da jararaca, mas se não fosse por esta, esta mesma víbora peçonhenta
que deixou o mesmo mal no seu lugar, todos os calcanhares estariam livres de
seu veneno.
Por isso
que a jararaca de hoje não é mais novidade. Ela me mordeu já faz muito tempo. E
só não morri porque causa de um soro antiofídico chamado Lava Jato.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário