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quinta-feira, 10 de março de 2016

Palavra Solta - reunião em Brasília (entre acarajés, cocadas e vatapás)


Rangel Alves da Costa*


Marcada a reunião, os amigos chegaram na hora exata, afinal, possuíam muitos assuntos importantes a tratar. E ali, entre uísques, champanhas e muitas outras bebidas importadas, brindavam deputados, senadores, ministros, poderosos, pessoas do alto escalão governamental. “E aí, já recebeu o vatapá?”, perguntava um. “Vatapá só tem serventia se for de caldeirão cheio, caso contrário não tapa nada. Prefiro acarajé, mas um tabuleiro cheio, apimentado. Ficaram de me repassar dois tabuleiros, mas até agora só enviaram cocada branca...”, respondia o outro. “Mais adiante, quase em segredo outro revelava: “Estou ficando desapontado com a falta dos repasses. Todo mês chegava uma caixa de tinta, verdinha, mas agora nada. Já avisei que assim não dá certo. Ou manda a tinta ou não desenho mais nada...”. Já o outro dizia: “Não se preocupe que você vai pintar quanto quiser. Amanhã mesmo vai entrar na sua conta um tonel de tinta. Uma parte é sua e a outra é minha, mas coisa pouca a minha parte, apenas o suficiente para pintar um rodapé...”. E assim os safados, ladrões, corruptos, vão tramando as falcatruas, as roubalheiras. Inventam todo tipo de nome para tentar esconder que se trata realmente de dinheiro, de bufunfa, de grana, e muita. E depois ficam reclamando dos nomes que a polícia federal dá às suas operações contra a roubalheira do dinheiro público.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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