Rangel Alves da Costa*
Marcada a reunião, os amigos chegaram na hora
exata, afinal, possuíam muitos assuntos importantes a tratar. E ali, entre
uísques, champanhas e muitas outras bebidas importadas, brindavam deputados,
senadores, ministros, poderosos, pessoas do alto escalão governamental. “E aí,
já recebeu o vatapá?”, perguntava um. “Vatapá só tem serventia se for de
caldeirão cheio, caso contrário não tapa nada. Prefiro acarajé, mas um
tabuleiro cheio, apimentado. Ficaram de me repassar dois tabuleiros, mas até
agora só enviaram cocada branca...”, respondia o outro. “Mais adiante, quase em
segredo outro revelava: “Estou ficando desapontado com a falta dos repasses.
Todo mês chegava uma caixa de tinta, verdinha, mas agora nada. Já avisei que
assim não dá certo. Ou manda a tinta ou não desenho mais nada...”. Já o outro
dizia: “Não se preocupe que você vai pintar quanto quiser. Amanhã mesmo vai
entrar na sua conta um tonel de tinta. Uma parte é sua e a outra é minha, mas
coisa pouca a minha parte, apenas o suficiente para pintar um rodapé...”. E
assim os safados, ladrões, corruptos, vão tramando as falcatruas, as
roubalheiras. Inventam todo tipo de nome para tentar esconder que se trata
realmente de dinheiro, de bufunfa, de grana, e muita. E depois ficam reclamando
dos nomes que a polícia federal dá às suas operações contra a roubalheira do
dinheiro público.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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