*Rangel Alves da Costa
Nasci num sertão empobrecido e desvalido de
empregos e oportunidades. A pobreza ronda grande parte dos lares e as mesas
reclamam de pedaço disso e daquilo. E assim por que nos dias de feira pouco há
pra comprar de bolso vazio. Contudo, muito mais assim por que o dinheiro do
quilo de carne, de feijão e de arroz, do quilo de açúcar e de farinha, e também
o tantinho disso e daquilo, já se foi no último final de semana, na seresta, na
mesa de bar, na roda de amigos. Torna-se, então, verdade quando se diz que
muita gente só tem dinheiro pra beber, pra farrear, mas não para cumprir com as
mínimas necessidades porta de casa adentro. Mais verdade ainda quando se
considera, por exemplo, que numa seresta uma cerveja custa o mesmo preço de um
quilo de carne de porco. Duas cervejas custam pouco mais de um quilo de carne
de gado. O gasto despendido com a farra certamente daria para uma pequena
feira. Mas sempre preferem beber e brincar a ter o alimento do dia a dia. E
chega o dia da feira, de bolso vazio, o sujeito ainda vai tomar uma fiado. E
dizendo que é pra afastar a aflição da pobreza. Cara de pau que não há óleo de
peroba que faça brilhar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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