*Rangel Alves da Costa
Um raio de
luz vai entrando pela fresta da janela. Desde muito que o galo já cantou, mas o
dia ainda está em sua primeira alva. Ao longe se ouve um trinado de passarinho,
as folhas farfalham, a ventania passa fazendo a sua primeira varredura do dia.
Levanta, se espreguiça, e descalço vai em direção à janela. O olhar se retrai
um pouco ante aquela primeira luz. Uma luz apenas amarelada, singela, poética.
Os horizontes parecem pintados em tela. Uma nuvem que passa com seus desenhos,
passarinhos voando alto, um sol ainda adormecido que vai surgindo. Não há jardim
nem flores. Não há borboletas nem colibris, mas plantas que se levantam
imponentes com suas galhagens embalando folhas e pequenos frutos. Uma estrada
vai afinando até se perder ao longe. Um cheiro de folha verde impregnando a
manhã. Em tudo uma canção antiga, uma doce melodia do amanhecer. Quem dera um
girassol já procurando o seu rio de sol, quem dera um beija-flor e uma pétala
perfumada. Mas o que não existe passa a existir perante o olhar e o pensamento,
pois é amanhecer. E todo amanhecer é de poesia e flor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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