*Rangel Alves da Costa
Conheço um
ditado dizendo que o pobre pode deitar a cabeça em cima de uma pedra e dormir o
sono dos justos, enquanto o suposto rico não consegue dormir nem em travesseiro
de plumas de gansa. Não deixa de ter razão. É bem assim mesmo. O pobre é pobre,
é carente de quase tudo, vive em permanente estado de aflição pela falta disso
e daquilo. Mas não com preocupação com dívidas pelo comércio, com execuções
criminais, com débitos bancários, com agiotagens, com meio mundo de coisa
malfeita. O pobre dorme se deita de barriga vazia mas dorme bem, sem qualquer
pesadelo que lhe tire o sossego. O pobre dorme pesadamente e acorda refeito
para a luta. Já o rico - ou aquele que se compraz em espalhar riqueza - não
consegue dormir bem nem com remédios ou bebidas. A noite toda e pensando como
vai pagar as contas em atraso, como vai arranjar um jeito de o seu carro de
luxo não ser objeto de busca e apreensão, como vai fazer para não ter penhorado
tudo o que pensa ter. Contudo, levanta como se um rei na barriga tivesse e a
primeira coisa que faz é esquecer que é gente. Tem gente assim. Quer passar uma
imagem tamanha de riqueza que parece não existir ninguém ao redor. Ele é o
máximo, o tudo, o bom da boca. Quando na verdade é um reles devedor de tudo
aquilo que está em sua posse. E o verdadeiro rei de seu mundo é aquele que vive
esquecido nas distâncias do mundo, numa casinha de cipó e ripa.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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